Dólar sobe 1,06% e Ibovespa cai em meio a temores de recessão nos EUA e medidas no Brasil

Dólar rompe barreira dos R$ 6 enquanto Ibovespa sente pressão negativa
Foto: Freepik

Dólar sobe e Ibovespa recua no fechamento do dia

O dólar encerrou o dia em alta de 1,06%, alcançando a cotação de R$ 5,8515. Em contrapartida, o Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira, registrou uma queda de 0,41%, finalizando aos 124.519 pontos.

Mercados globais refletem temores de recessão nos EUA

No cenário internacional, os mercados globais refletem preocupações com uma possível recessão nos Estados Unidos, exacerbadas pelas políticas tarifárias do presidente Donald Trump. Durante uma entrevista à Fox News no último domingo (9), Trump expressou seu desagrado em fazer previsões sobre a economia, mas não descartou a possibilidade de uma recessão acompanhada de aumentos de preços durante o que chamou de “período transitório” das suas tarifas.

A insegurança dos investidores está relacionada à expectativa de que as novas tarifas possam gerar um aumento nos preços nos Estados Unidos, levando o Federal Reserve (Fed) a considerar um novo aumento nas taxas de juros. Tal medida pode restringir o consumo e desacelerar a economia, aumentando assim o risco de uma recessão prolongada.

Expectativas econômicas no Brasil

No Brasil, os operadores aguardam a divulgação de indicadores econômicos relevantes. Estão na pauta dados sobre a produção industrial e o desempenho do setor de serviços referente a janeiro, além das informações sobre a inflação em fevereiro.

Conforme o relatório Focus do Banco Central divulgado nesta segunda-feira (10), as projeções para a inflação deste ano foram elevadas de 5,65% para 5,68%. Essa alteração sinaliza que as expectativas para 2025 se afastam cada vez mais do teto da meta estabelecida em 4,5%.

Movimentação do dólar e do Ibovespa

Em relação ao dólar, na máxima do dia chegou a ser cotado a R$ 5,8710. O resultado acumulado revela uma alta de 1,06% na semana e uma queda mensal de 1,09%, com perdas anuais totalizando 5,31%. Na sexta-feira (7), a moeda americana já havia avançado 0,57%, encerrando o dia em R$ 5,7901.

Quanto ao Ibovespa, além da queda diária de 0,41%, observou-se um recuo semanal semelhante. Contudo, ainda apresenta um crescimento mensal de 1,40% e um ganho anual de 3,52%. Na última sexta-feira (7), o índice havia subido 1,36%, chegando aos 125.035 pontos.

Impacto das políticas tarifárias de Trump

O impacto da política tarifária de Trump continua sendo um fator crucial no mercado financeiro. Em suas declarações recentes à Fox News, Trump minimizou as preocupações empresariais acerca da falta de clareza em suas políticas comerciais. O presidente americano frequentemente alterna entre ameaças e isenções às tarifas sobre importações provenientes do Canadá e México, por exemplo.

Recentemente, Trump optou por suspender temporariamente as tarifas previstas após promessas desses países em relação à segurança das fronteiras. Esse vai-e-vem tem contribuído para aumentar as incertezas comerciais e suscitar dúvidas sobre quais tarifas realmente serão implementadas.

Nesta segunda-feira (10), Maros Sefcovic, chefe de comércio da União Europeia (UE), comentou sobre sua visita a Washington no mês anterior com o intuito de iniciar diálogos que evitem “sofrimento desnecessário” decorrente das medidas comerciais. Ele observou que o governo Trump parece pouco inclinado a buscar acordos que previnam conflitos comerciais com o bloco europeu.

Perspectivas para a inflação nos EUA

Além disso, na última pesquisa do Federal Reserve de Nova York, foram evidenciadas crescentes preocupações entre os consumidores americanos em relação à economia. A expectativa é que a inflação atinja 3,1% no próximo ano.

Medidas no Brasil para conter a alta dos alimentos

No contexto interno brasileiro, aguarda-se também por indicadores econômicos significativos nos próximos dias. O vice-presidente Geraldo Alckmin anunciou novas propostas para reduzir os custos dos alimentos. Entre elas está a isenção da tarifa de importação para produtos como carne e açúcar.

Essas iniciativas geraram apreensões no mercado cambial local sobre possíveis implicações fiscais dessas medidas. O diretor da FB Capital destacou os riscos associados aos gastos governamentais com ações destinadas a controlar a inflação alimentar.

Por fim, na última sexta-feira (7), o presidente Lula expressou preocupação com os preços dos alimentos e mencionou discussões em andamento no Palácio sobre medidas adicionais que poderiam ser tomadas para mitigar essa situação.