
A chegada de mais um voo com imigrantes ilegais brasileiros deportados dos Estados Unidos intensificou a disputa entre o governo de Luiz Inácio Lula da Silva e aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro. Enquanto a gestão petista trabalha para garantir direitos e assistência aos repatriados, parlamentares conservadores avaliam os danos políticos da volta de brasileiros que simpatizam com Bolsonaro e foram deportados sob a política migratória de Donald Trump.
Lula quer evitar novos constrangimentos
Após a repercussão negativa do último voo, no qual brasileiros retornaram algemados e sob escolta rigorosa das autoridades norte-americanas, o governo Lula tenta garantir um processo mais humanizado. Segundo interlocutores do Planalto, o objetivo é assegurar que os repatriados recebam assistência jurídica e social, além de condições dignas de viagem.
A diplomacia brasileira atua para que novos casos de humilhação e maus-tratos não se repitam. O Itamaraty mantém conversas com autoridades dos Estados Unidos e reforça que o Brasil não pode tolerar abusos contra seus cidadãos, independentemente de sua situação migratória.
Aliados de Bolsonaro temem desgaste
No campo bolsonarista, o retorno dos deportados gerou desconforto. Muitos dos brasileiros que estão sendo enviados de volta frequentavam igrejas evangélicas nos Estados Unidos e demonstravam apoio a Bolsonaro. Agora, líderes religiosos e políticos conservadores criticam a postura de Trump, mas evitam um rompimento direto com o ex-presidente norte-americano.
“Temos uma situação complicada. Trump deporta brasileiros que apoiam Bolsonaro e participam de igrejas evangélicas. Isso desgasta nossa base, mas não podemos atacá-lo abertamente”, afirmou um líder evangélico ligado à oposição.
Igrejas denunciam perseguição
Pastores brasileiros que lideram igrejas nos Estados Unidos relatam que fiéis estão sendo detidos e expulsos do país em maior número. A preocupação cresce principalmente entre evangélicos conservadores, que veem nas deportações um sinal de que Trump não protege aliados como Bolsonaro da mesma forma que promete a seus apoiadores locais.
“É um cenário ruim para nós. Muitos brasileiros confiavam que o governo americano seria mais brando com quem compartilha seus valores políticos. Mas a realidade está sendo bem diferente”, lamentou um deputado evangélico.