A cada dia, milhares de mulheres no Brasil buscam o Ligue 180 para denunciar violência psicológica, um tipo de abuso que, embora invisível, deixa marcas profundas. Segundo dados do Ministério das Mulheres, esse foi o tipo de violência mais denunciado em 2024, refletindo um problema que afeta vítimas de diferentes idades e classes sociais.
O peso da violência psicológica
A violência psicológica inclui humilhações, ameaças, isolamento e controle emocional, táticas usadas para enfraquecer a vítima e mantê-la sob domínio do agressor. Muitas mulheres demoram a reconhecer esse tipo de abuso, o que agrava o impacto no bem-estar emocional e social.
Em 2024, o Ligue 180 registrou 750,7 mil atendimentos, sendo 101.007 denúncias relacionadas à violência psicológica. Os números mostram que o problema é recorrente e requer medidas urgentes para proteção das vítimas.
O papel do Ligue 180
Criado para acolher mulheres em situação de violência, o Ligue 180 funciona como um canal de apoio, informação e encaminhamento. O serviço recebe denúncias anônimas e orienta as vítimas sobre seus direitos e opções de proteção.
Além do telefone, o canal ampliou seu atendimento via WhatsApp, registrando um aumento de 63,4% nas interações. A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, destacou a importância da acessibilidade: “O primeiro passo para romper o ciclo da violência é saber onde buscar ajuda”.
Quem são as vítimas
Os dados mostram que a maioria das vítimas são mulheres pardas e pretas, representando mais da metade das denúncias. Além disso, as faixas etárias mais afetadas são entre 30 e 44 anos, um período em que muitas estão em relações estáveis ou convivendo com parceiros agressivos.
O local mais comum para os casos de violência continua sendo a própria casa da vítima, o que dificulta a identificação do abuso por terceiros e atrasa a busca por ajuda.
Caminhos para romper o ciclo
Embora a violência psicológica não deixe marcas visíveis, seu impacto na autoestima e na saúde mental é devastador. Para reverter esse cenário, o Ministério das Mulheres tem investido em capacitação de atendentes e fortalecimento da rede de apoio. Até o momento, 10 estados já aderiram ao programa de treinamento para melhorar o acolhimento das vítimas.
Amanda Sadalla, da ONG Serenas, reforça a necessidade de acolhimento humanizado: “Muitas mulheres chegam ao Ligue 180 sem saber como expressar o que estão vivendo. Nossa missão é garantir que sejam escutadas e orientadas da melhor forma”.