O Brasil viveu uma mudança significativa entre 2022 e 2023, com a saída de 8,7 milhões de pessoas da pobreza. A pesquisa Síntese de Indicadores Sociais 2024, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que a taxa de pobreza caiu de 31,6% para 27,4%, marcando o menor índice da série histórica desde 2012.
Esse dado positivo, que reflete a recuperação econômica do país, também está vinculado ao aumento da cobertura de benefícios sociais e ao dinamismo no mercado de trabalho, que contribui para a melhora das condições de vida da população.
Ainda assim, 59 milhões de brasileiros continuam em situação de pobreza, o que corresponde a quase um terço da população. A extrema pobreza, que afeta 9,5 milhões de pessoas, também registrou uma queda, mas ainda atinge 4,4% da população, o que representa 9,5 milhões de indivíduos em condições ainda mais precárias.
“A diminuição da pobreza e da extrema pobreza no Brasil é resultado de fatores como o crescimento econômico e o fortalecimento das políticas públicas voltadas para o apoio social”, explica Leonardo Athias, gerente de Indicadores Sociais do IBGE. Ele acrescenta que, enquanto os benefícios sociais têm um impacto mais direto na extrema pobreza, a melhora do mercado de trabalho tem sido fundamental para reduzir os níveis de pobreza.
A pesquisa também aponta que as crianças e adolescentes de zero a 14 anos são os mais afetados pela pobreza no Brasil. Aproximadamente 7,3% dessas crianças vivem em extrema pobreza, e 44,8% estão abaixo da linha da pobreza. Esses dados revelam as grandes desigualdades no acesso a condições básicas de vida, como alimentação e educação.
Por outro lado, os idosos são os menos atingidos pela pobreza. Apenas 2% da população com 60 anos ou mais está em situação de extrema pobreza, enquanto 11,3% se encontram em condição de pobreza.
Outro dado alarmante da pesquisa é a diferença significativa no impacto da pobreza entre mulheres e homens, além das disparidades raciais. A pobreza atinge 28,4% das mulheres, enquanto 26,3% dos homens estão nessa condição. Já a extrema pobreza afeta 4,5% das mulheres e 4,3% dos homens.
As disparidades raciais são ainda mais profundas. 35,5% das pessoas pardas e 30,8% das pessoas pretas vivem em situação de pobreza. Entre as pessoas brancas, o índice é de 17,7%. Em relação à extrema pobreza, 6% das pessoas pardas e 4,7% das pessoas pretas estão nessa condição, enquanto apenas 2,6% das pessoas brancas enfrentam esse problema.
Essas desigualdades refletem um histórico de concentração de oportunidades em determinadas regiões do país, com maior acesso a emprego e serviços no Centro-Sul, deixando outras áreas em desvantagem.
As desigualdades regionais no Brasil são notórias. O Norte e o Nordeste têm as maiores proporções de pessoas em situação de pobreza e extrema pobreza. No Nordeste, 47,2% da população está na pobreza, enquanto 9,1% enfrentam a extrema pobreza. No Norte, esses índices são de 38,5% e 6%, respectivamente. Em contraste, no Sul e no Sudeste, os índices são consideravelmente mais baixos.
“A concentração de oportunidades e investimentos no Centro-Sul do país contribui para essas desigualdades regionais, que precisam ser abordadas com políticas públicas mais inclusivas”, analisa Athias.
Um dado positivo na pesquisa é o aumento do acesso à internet. Entre 2016 e 2023, o Brasil registrou um salto significativo no acesso domiciliar à internet, que passou de 68,9% para 92,9%. Esse aumento foi mais expressivo entre a população pobre e extremamente pobre, o que indica uma melhora no acesso a informações e oportunidades no país.