Bolsonaro é mencionado 516 vezes no relatório da PF sobre tentativa de golpe

Bolsonaro é mencionado 516 vezes no relatório da PF sobre tentativa de golpe
Imagem: Reprodução/Agência O Globo

A Polícia Federal (PF) divulgou um relatório que detalha uma suposta tentativa de golpe de Estado planejada por Jair Bolsonaro e seus aliados após as eleições de 2022. O documento, que cita o ex-presidente 516 vezes, traz evidências de que ele teria atuado de forma direta e organizada para interromper a transição democrática.

Planejamento do golpe

Segundo as investigações, Bolsonaro teria elaborado o plano com o apoio de um núcleo jurídico e militar. O objetivo era impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e de seu vice, Geraldo Alckmin. Para isso, foram criados documentos, incluindo o chamado “Punhal Verde e Amarelo”, que detalhava ações como a prisão do ministro Alexandre de Moraes e o assassinato de líderes políticos.

O plano, impresso no Palácio do Planalto, contava com a participação de militares de alta patente, como o general Mario Fernandes. Este documento era apresentado como estratégia para justificar juridicamente o golpe, criando uma base legal fictícia para ações extremas.

Conexão militar e fugas planejadas

A PF revelou que Bolsonaro buscou apoio de comandantes das Forças Armadas para implementar o plano. Embora os líderes do Exército e da Aeronáutica tenham rejeitado a ideia, o então comandante da Marinha, Almir Garnier, teria se mostrado favorável.

Além disso, o relatório aponta que havia um plano de fuga elaborado para Bolsonaro em caso de fracasso. Uma apresentação encontrada no computador do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente, descrevia rotas e estratégias para sua evasão.

Disseminação de informações falsas

Outro elemento do relatório destaca o papel de Bolsonaro e aliados na disseminação de notícias falsas sobre o sistema eleitoral brasileiro. Informações fabricadas pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e apresentadas pelo então presidente tinham o objetivo de desacreditar as urnas eletrônicas e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Em depoimento, o ex-comandante da Aeronáutica, Baptista Júnior, afirmou que informou repetidamente a Bolsonaro sobre a inexistência de fraudes no processo eleitoral. Mesmo assim, o ex-presidente insistiu na narrativa de irregularidades, contribuindo para a instabilidade política.

Com mais de 880 páginas, o relatório da PF destaca que o golpe não foi consumado por “circunstâncias alheias” à vontade de Bolsonaro.