Primeiro brasileiro é eleito para o comando máximo da Interpol

Primeiro brasileiro é eleito para o comando máximo da Interpol
Imagem: Reprodução/Instagram @valdecyurquiza

Pela primeira vez em seus 101 anos, a Interpol contará com um brasileiro em seu comando. O delegado da Polícia Federal Valdecy Urquiza foi confirmado, nesta terça-feira (5), como secretário-geral da organização, durante a 92ª Assembleia Geral da Interpol, realizada em Glasgow, no Reino Unido. Com sua nomeação, Urquiza, de 43 anos, torna-se o primeiro cidadão de um país em desenvolvimento a ocupar o mais alto cargo da organização.

Apoio dos países-membros e responsabilidades do novo cargo

Urquiza recebeu uma expressiva aprovação: dos 153 países que participaram da votação, 145 apoiaram sua candidatura, representando 96% dos votos presentes. Esse respaldo simboliza a confiança na capacidade do delegado brasileiro de conduzir a Interpol, que reúne forças policiais de 196 países. Em seu novo papel, Urquiza será responsável por coordenar a cooperação internacional entre nações na luta contra o crime organizado, enfrentando uma diversidade de ameaças globais.

Desafios e prioridades: tecnologia e inclusão

Em seu discurso de posse, Valdecy Urquiza destacou três pilares que guiarão sua gestão: tecnologia, inclusão e integridade. Segundo ele, o avanço tecnológico no combate ao crime é essencial. Em uma era de crimes transnacionais sofisticados, a Interpol precisará investir em inteligência artificial, big data e análises preditivas para detectar padrões de criminalidade e responder de forma eficiente às ameaças. Urquiza também reforçou seu compromisso com a inclusão, destacando a importância de uma Interpol que represente todas as nações e valorize a diversidade.

Além disso, o novo secretário-geral promete que a Interpol aumentará sua transparência e a segurança no uso de dados. Para ele, esses elementos são fundamentais para construir confiança com os países-membros e preservar a integridade da organização. Urquiza afirmou que sua gestão será marcada pelo respeito aos princípios éticos, assegurando que as operações da Interpol não sejam usadas de maneira abusiva ou indevida.

Carreira e experiência internacional

A trajetória de Urquiza na área de segurança e cooperação internacional contribuiu para que ele fosse um forte candidato ao posto. Natural de São Luís, no Maranhão, e formado em Direito, ele iniciou sua carreira na Polícia Federal em 2004. Desde então, sua atuação sempre envolveu temas de cooperação internacional e combate ao crime transnacional. Em 2015, assumiu a chefia do escritório nacional da Interpol no Brasil e, em 2018, foi transferido para a sede da organização na França, onde se destacou na direção de áreas sensíveis, como combate ao crime organizado e proteção de comunidades vulneráveis.

Ao retornar ao Brasil, em 2021, Urquiza foi eleito vice-presidente das Américas no Comitê Executivo da Interpol, fortalecendo ainda mais sua relação com a organização. Esse percurso culminou na candidatura ao cargo de secretário-geral, uma evolução natural de sua longa dedicação à Interpol e ao combate ao crime global.

A história da Interpol e o papel do Brasil

Fundada em 1923, a Interpol tem como missão promover a cooperação policial internacional, enfrentando o avanço do crime transnacional que se intensificou com o desenvolvimento dos transportes. Desde então, a organização cresceu significativamente, passando de 20 países-membros para 196 nações em 2023. O Brasil é membro da Interpol desde 1953, mas teve sua participação temporariamente suspensa durante a Ditadura Militar, retornando em 1986.

Urquiza agora terá a responsabilidade de conduzir a organização em um contexto global onde os desafios são complexos e demandam respostas inovadoras e ágeis. Sua experiência e conhecimento acumulados na Polícia Federal brasileira são vistos como ativos importantes para a Interpol, especialmente em temas como a exploração infantil online e a cibersegurança.

Expectativas para o futuro

Ao aceitar o cargo, Valdecy Urquiza reforçou que sua gestão buscará enfrentar os desafios globais de maneira inclusiva e tecnológica. “Precisamos de uma Interpol que antecipe as tendências criminosas e que seja capaz de oferecer recursos para os países-membros de forma rápida e eficiente”, declarou o novo secretário-geral. Com uma visão clara de modernização e inclusão, Urquiza assume o desafio de adaptar a Interpol para enfrentar o crime no século XXI, mantendo o foco na segurança global e na justiça.