O QUE O BRASILEIRO QUER ASSISTIR?

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Por Nina Silva

A pandemia nos isolou, mas não restringiu nossa comunicação. Ficamos muito mais conectados e interativos. De casa vimos os serviços de streaming crescerem e se consolidarem, representando hoje a segunda maior audiência do mercado de entretenimento brasileiro – as gigantes Netflix, Amazon Prime Video, entre outras, acumularam, nos primeiros três meses da quarentena, 15% de market share e uma média de sete pontos no Ibope, um total que só é superado pelos números da TV Globo. Mas o boom do streaming vai além de superar as novelas reprisadas ou os jogos de futebol. O cliente, além de se identificar, quer se ver representado no discurso e na ação e é por isso que o serviço tem ameaçado a audiência das grandes redes. E, mesmo com a expectativa da vacina e um possível retorno gradativo das atividades e relações presenciais, o streaming ainda possui muito espaço para crescimento no país.

Mas o que o brasileiro quer assistir, ou melhor, interagir? A programação sob demanda traz consigo a inovação de conteúdos e formatos mais próximos da realidade e linguagem do consumidor. Exemplo disso é o lançamento recente da Wolo TV, a primeira plataforma de streaming com conteúdo focado na população negra. Assuntos como cultura urbana, diversidade regional e de narrativas fazem parte do seu conteúdo exclusivo. A plataforma, que representa 119 milhões de pessoas no Brasil, estreou com o lançamento da série de comédia Casa da Vó, estrelada pela cantora e atriz Margareth Menezes ao lado de atores e influenciadores digitais como Dum Ice, Johnny Kleiin, Jessica Cores, Dj Pelé, Sol Menezzes, entre outros, e conta também com a participação do rapper Rincon Sapiência – uma estratégia de trazer artistas representativos para a população negra, além de talentosos e populares. Segundo Leandro Lemos, CTO da companhia, a Wolo TV tem o objetivo de ser uma plataforma com a cara do Brasil, país que tem a maior população negra fora da África, entretanto, onde a comunidade negra é sub-representada pela mídia. “A população negra consome em média R$ 1,9 trilhão por ano, mas ainda não vemos séries de TV que mostram famílias negras em posição de sucesso. É por isso que decidimos desenvolver um conteúdo audiovisual inovador e de alta qualidade que nos represente como população”, ressalta Lemos. “No Brasil, um jovem negro é morto pela polícia a cada 23 minutos.

Isso é real, o mundo não sabe disso. Para mudar essa realidade, precisamos mudar a política, a mídia e como pessoas negras são representadas”, afirma Licínio Januário, COO, ator e diretor de Casa da Vó.

O primeiro episódio da série está disponível gratuitamente e os quatro seguintes são liberados mediante pagamento único a preço popular. Outras séries e filmes originais já estão em produção. Conteúdos próprios, vividos, narrados e realizados por quem conhece o seu público e faz parte dele. A Wolo TV é um exemplo de que o streaming no Brasil tem tudo para assumir a dianteira na guerra por nossa audiência frente ao formato tradicional das grandes emissoras de TV. 2021 é o momento de pegar a pipoca e assistir a essa jornada.