Os políticos brasileiros são definitivamente versados na “arte do impossível”, uma das definições de política para o filósofo italiano Maquiavel.
Um exemplo prático e fresquinho desta afirmação foi o discurso da deputada Flávia Arruda (PL-DF), nova presidente da Comissão Mista de Orçamento (CMO), instalada nesta quarta-feira (10), que vale para as duas Casas.
Ela disse que a prioridade será “vacina, vacina, vacina” e, depois, a retomada do crescimento econômico.
Mas a CMO, na verdade, foi instalada às pressas por outro motivo: o lobby dos servidores públicos (com certeza, o mais-mais de Brasília), categoria que corria o risco de ter os salários atrasados caso a aprovação do orçamento de 2021, que depende da instalação da CMO, não saia.
É que sem a previsão financeira para o ano corrente, não se pode fazer compromissos com verbas, gratificações, viagens e tampouco salários (que são reajustados com frequência). A remuneração mensal, aliás, seria prejudicada de leve: poucos dias de atraso, o que é impensável para o serviço público.
Ao desenhar um discurso republicano e inclusivo, Flávia Arruda afastou de seu redor qualquer crítica que pudesse prejudicar sua recente ascensão, ainda que vacina e combate à fome sejam atividades de gestão de governo e não de comissão orçamentária.