Eleições SP: irmão de denunciante de Nunes trabalhou com Boulos

A investigação sugeriu que as ONGs que administram creches municipais desviaram certa quantia do dinheiro contabilizado como despesas com materiais

Eleições SP: Parente de denunciante de Nunes trabalhou na campanha de Boulos
A denunciante é irmã do homem que trabalhou na campanha de Boulos Foto: (@guilhermeboulos.oficia/ (@prefeitoricardonunes)

As eleições municipais de São Paulo ganharam um novo desdobramento com a notícia de possíveis conexões políticas envolvendo a máfia das creches. Rosângela Crepaldi, em um vídeo recente, acusou Nunes de envolvimento em esquemas de desvio de verbas destinadas a creches municipais, o que complicou o cenário eleitoral.

O caso

De acordo com o Diário de SP, o caso se torna ainda mais confuso com a revelação do passado político do irmão de Rosângela, Anselmo Crepaldi dos Santos. Em 2016, Anselmo trabalhou como fornecedor na campanha de Antonio Donato, candidato a vereador pelo PT e atualmente coordenador da campanha de Guilherme Boulos (PSOL).

Segundo revelou a coluna de Raquel Landim no UOL, um comprovante do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que mostra uma transferência bancária de R$ 200 da campanha de Donato para Anselmo. Donato é agora uma figura central na campanha de Boulos, que disputa a prefeitura de São Paulo contra Nunes, com ambos tecnicamente empatados nas pesquisas de intenção de voto.

Documentos da Junta Comercial de São Paulo indicam que Rosângela é uma das sócias da WMR Construções, empresa citada no inquérito da máfia das creches. A empresa, fundada por Anselmo em 2011, foi transferida para Rosângela em março de 2015.

Respostas

Em resposta às acusações, Donato afirmou: “Contratei centenas de fornecedores em 2016, devidamente informados à Justiça eleitoral. Consta um pagamento de R$ 200 ao senhor Anselmo Crepaldi dos Santos, pessoa com que não tenho nenhum relacionamento. Lamento que procure se explorar politicamente esse fato para encobrir as gravíssimas declarações da senhora Rosângela Crepaldi, que merecem ser apuradas, sobre o prefeito Ricardo Nunes.”

Enquanto isso, Rosângela, indiciada como uma das “laranjas do esquema”, reforçou as acusações em um vídeo divulgado pela Folha de S. Paulo, afirmando que Nunes recebeu R$ 11 mil da empresa de sua cunhada sem prestar qualquer serviço. “Foi repasse”, declarou Rosângela. “[Nunes] nunca prestou nenhum serviço.”

Além disso, a investigação sugere que ONGs que administram creches municipais desviaram parte do dinheiro contabilizado como despesas com materiais. Em 2018, Nunes e sua empresa, Nikkey Serviços S/S Ltda, receberam valores da firma Francisca Jacqueline Oliveira Braz, apontada pela polícia como uma grande fornecedora de notas fiscais falsas no esquema da máfia das creches.

Resposta de Ricardo Nunes

Em nota enviada ao UOL, Ricardo Nunes negou qualquer irregularidade e afirmou que não houve nenhuma acusação em seu nome no inquérito que envolve Rosângela. Ele alega que o repasse resultou de uma prestação de serviços, versão que está sendo investigada pela Polícia Federal. O prefeito anunciou que entrará com uma ação contra Rosângela por calúnia e pedirá uma investigação sobre a origem do vídeo.

Dessa forma, as acusações lançaram uma sombra sobre a campanha de Guilherme Boulos. Isso porque seu coordenador de campanha, Antonio Donato, possui vínculos com Anselmo Crepaldi dos Santos, irmão de Rosângela.