O Governo do Distrito Federal (GDF) quer construir o que chama de Museu da Bíblia. A obra está orçada em R$ 80 milhões e projetos já são selecionados.
A constituição diz que o estado é laico, mas isso não parece ser óbice para grande parte da classe política em seus acenos para seus representantes.
Mas as coisas não estão saindo como o governador Ibaneis Rocha (MDB) gostaria. É que em Brasília, que é uma cidade-monumento, um lugar em que o urbanismo e a arquitetura definiram os limites simbólicos da capital, definham algumas construções históricas.
Como o muito relevante Teatro Nacional, no coração da capital, com a arte escultórica de Athos Bulcão que se tornou um dos símbolos de Brasília.
Sem investimento nem cuidados, o edifício histórico tem sido vandalizado e se tornou moradia para pessoas em condição de rua.
Na obra projetada por Oscar Niemeyer, uma das primeiras executadas na nova capital, ao lado da rodoviária do Plano Piloto, há Athos Bulcão, mas também raríssimo tecido, usado no estofamento das cadeiras (verde-oliva!), que vem da época do império.
Manifestações contrárias ao Museu da Bíblia pululam nas redes sociais, mas uma ação cautelar da Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos contra o museu não foi acolhida pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, mesmo com o argumento bastante razoável de que R$ 80 milhões poderiam cumprir relevante função social.
A nota curiosa é que o Museu da Bíblia foi concebido a partir de croquis feitos pelo próprio Oscar Niemeyer no fim dos anos 1980. Niemeyer se notabilizou por sua adesão ao comunismo – e ao ateísmo.