Poder Saúde: Saiba como medidas simples podem reduzir o risco de câncer

Dr Paulo Hoff

O câncer é a segunda principal causa de morte no Brasil, ficando atrás apenas das doenças cardiovasculares. Só este ano, 704 mil brasileiros deverão ser diagnosticados com a enfermidade, segundo projeções do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Para esclarecer dúvidas sobre o câncer, entrevistamos o Dr. Paulo Hoff, presidente da Oncologia D’Or, professor titular da Disciplina de Oncologia Clínica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e membro pregresso do Conselho Diretor da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO).

Nesta conversa, o Dr. Paulo explica que medidas simples, como a alimentação, o controle do peso, a atividade física e a carteira de vacinação em dia, podem contribuir para reduzir a incidência de casos. O médico fala ainda sobre o avanço da incidência em pessoas com menos de 50 anos, como é o caso da princesa Kate Middleton, problema que vem ocorrendo nas últimas décadas.

 

O câncer hoje é considerado um grave problema de saúde pública. Existem meios de evitar doença?

A Organização Mundial da Saúde acredita que mais de 30% dos casos de câncer possam ser evitados. Entre as maneiras de prevenir a doença está o estilo de vida saudável, com uma dieta equilibrada, na qual não faltem frutas, verduras e alimentos ricos em fibra. Não fumar, o que inclui cigarros eletrônicos, e não tomar bebidas alcoólicas em excesso são outras medidas importantes.

O sedentarismo deve ser combatido. Basta caminhar ou fazer outra atividade aeróbica de 180 a 200 minutos por semana para se proteger contra o câncer, o infarto e outras doenças do coração.  O exercício físico também ajuda evitar o sobrepeso e a obesidade, que são fatores de risco para, pelo menos, 13 tipos de câncer. Entre eles estão o câncer de mama, ovário, rins, estômago e o intestino.

 

O Brasil possui um dos mais completos programas de imunização no mundo. Vacinas ajudam na prevenção do câncer?

Sem dúvida. Daí a importância de se manter a carteira de vacinação sempre atualizada.  Neste particular, acho muito importante os pais levarem seus filhos aos postos de saúde para se vacinarem contra o Papilomavírus Humano (HPV), que é transmitido pelo contato sexual. Existem 20 tipos de HPV, dos quais dois causam 70% dos cânceres de colo de útero e lesões pré-cancerosas. A vacina é oferecida gratuitamente a meninos e meninas de 9 a 14 anos. Outra vacina importante, que está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) para todas as idades, é contra a hepatite B, um importante fator de risco para o câncer de fígado.

 

Existem exames que podem contribuir para as pessoas se protegerem contra o câncer?

Existem, sim. Um dos exames mais importantes para a proteção contra o câncer é o Papanicolau, que identifica lesões causadas pelo HPV no colo uterino e permite que sejam tratadas antes de se transformarem em tumores. No Brasil, mais de 80% das mulheres de 25 a 64 anos fizeram o exame nos últimos três anos. Mas a cobertura é desigual, sendo menor no Norte e Nordeste.

 

Recentemente, a princesa Kate Middleton anunciou estar fazendo um tratamento contra o câncer. É verdade que hoje a doença está atingindo as pessoas com menos de 50 anos?

Infelizmente esta é uma realidade que temos visto nas últimas décadas. O câncer continua sendo uma doença mais prevalente em idosos. Mas os casos entre pessoas mais jovens vêm aumentando. Os motivos são desconhecidos. Suspeita-se que fatores ligados ao estilo de vida, como sedentarismo, obesidade, exposição a poluentes, consumo de alimentos ultraprocessados, mudanças no bioma e vários outros, estejam relacionados ao problema, mas ainda há muitas dúvidas.

Sobre Prof. Dr. Paulo M. Hoff
Médico Oncologista;
Professor Titular da Disciplina de Oncologia Clínica do Departamento de Radiologia e
Oncologia da Faculdade de Medicina USP – FMUSP;
Membro do Conselho Diretor do ICESP;
Membro Titular da Academia Nacional de Medicina; Titular da Cadeira nº 58;
Ex-Presidente SBOC – Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica;
Presidente da Oncologia D’Or;
Fellow da “American Society of Clinical Oncology”;
Fellow do “American College of Physicians”.