Na Assembleia Geral da ONU, uma resolução apresentada por Cuba pedindo o fim do embargo econômico, comercial e financeiro dos Estados Unidos a Cuba foi aprovada com o apoio de 187 países, enquanto os EUA e Israel votaram contra e a Ucrânia, optou pela abstenção. Esta é a terceira vez desde 1992 que a ONU adota uma resolução pedindo o fim do embargo de 60 anos que tem asfixiado a economia cubana.
O bloqueio foi inicialmente imposto durante a Guerra Fria pelo então presidente dos EUA, John F. Kennedy, e tem sido progressivamente reforçado ao longo das décadas. O chanceler cubano, Bruno Rodríguez, afirmou que o embargo age como uma “pandemia permanente” e causou prejuízos superiores a US$ 6 bilhões nos primeiros 14 meses do governo do presidente Joe Biden, elevando o total acumulado em seis décadas para US$ 154 bilhões. Rodríguez também apontou que o embargo é a principal causa das dificuldades enfrentadas pela população cubana.
Delegações de países do Sul se pronunciaram nos últimos dias na Assembleia Geral, criticando o embargo com termos como injusto, ilegal, inaceitável, criminoso e desumano. Embora o apoio maciço à resolução represente uma vitória moral para o governo cubano, não se espera uma mudança prática, visto que as resoluções anteriores não resultaram em alterações significativas.
O chanceler Rodríguez destacou que o embargo continua a ser o elemento central que define a política dos EUA em relação a Cuba, e alguns analistas apontam que ele obscurece a discussão sobre os direitos humanos na ilha e isola os EUA de uma causa comum com os países que apoiam Cuba na ONU.
Apesar das promessas de campanha de Joe Biden, as sanções impostas pelo ex-presidente Donald Trump foram mantidas, com apenas algumas modificações relacionadas a vistos, viagens e remessas para Cuba. Em resposta aos estragos causados pelo furacão Ian, o governo cubano solicitou que Biden suspendesse as sanções que dependem de sua autorização, enquanto 18 ex-presidentes latino-americanos, incluindo Dilma Rousseff, pediram que as restrições fossem levantadas para ajudar os mais vulneráveis na ilha.
Cuba enfrenta sua pior crise econômica em três décadas, com escassez de alimentos, remédios e combustíveis, além de apagões diários devido à tecnologia obsoleta de suas usinas termelétricas. Embora a resolução da ONU represente um apoio internacional significativo, a questão do embargo permanece um desafio diplomático complexo e sem solução iminente.