O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, foi a voz dissonante e altiva no primeiro dia da Cúpula da Amazônia, na terça (8). O documento bastante genérico e insosso produzido no encontro de chefes de estado dos países com nacos da Floresta Amazônica seria bem diferente caso o discurso do colombiano fosse levado em conta.
Petro disse: “Estamos às margens da extinção da vida, é nesta década, então, que devemos tomar decisões. Somos nós, os políticos, que devemos tomar decisões. E o que estamos fazendo, além dos discursos?”
Causou certa comoção sua crítica aos governos progressistas — entre os quais ele se inclui. ““O planeta agora precisa deixar de usar o petróleo, o carvão e o gás. As direitas têm essas fontes de escape muito fácil através do negacionismo, através de negar a ciência (…) Para os progressistas é muito difícil, então isso gera outros tipos de negacionismo, que é o “vamos postergar as decisões’.”
Petro criticou a manutenção do uso dos combustíveis fósseis enquanto se faz a “transição” para matrizes limpas. Transição — justamente a palvara usada por Lula para promover suas iniciativas verdes. Disse o presidente, no ex-Twitter:
“Meu governo está engajado no desenho de uma transição justa. Vamos planejar o crescimento apostando na industrialização e infraestrutura verdes, na sociobioeconomia, e nas energias renováveis. O Brasil desempenhará papel central na transição energética, liderando a produção de fontes limpas como a energia solar, a biomassa, o etanol e o hidrogênio verde.”
Diversas ONGs criticaram o documento da Cúpula, que, fiel à diplomacia brasileira do “amanhã a gente vê”, não se comprometeu nem com metas de desmatamento.