Ian Bremmer

"Oráculo" do Eurasia Group vê Brasil a comer poeira da Índia e se distanciar do domínio da tecnologia, mas acredita em país "estável e resiliente"

Ian Bremmer || Crédito: CC/WikiCommons/Richard Jopson/Divulgação/Gzero World

Ainda que a imagem das “big consulting”, as grandes consultorias transnacionais como PwC, KPMG, EY e Deloitte possa ter saído arranhada com a fraude bilionária das Americanas — as duas primeiras envolvidas diretamente na presepada –, oráculos dessas empresas seguem sendo ouvidos com certa ansiedade e sofreguidão.

Ian Bremmer, do Eurasia Group, é um desses oráculos. Em interessante entrevista a Folha de S.Paulo publicada nesta quinta (29), ele deu algumas respostas que podem surpreender os mais céticos — e decepcionar os menos.

“O Brasil é mais resiliente, estável e mesmo mais entediante do que muitos dos países do mundo agora. Isso é uma coisa boa. Mesmo que um evento como o 8 de Janeiro tenha ocorrido, não houve perigo de uma revolução. Se Bolsonaro decidisse que não ia transferir o poder, não importava. Ele seria forçado a sair.”

Ou:

“O que mais decepciona no Brasil é a falta de tecnologia real. Veja a Índia: teve baixo desempenho [na área] por muitas décadas, mas agora vive uma transformação digital. Há investimentos em semicondutores, carros elétricos e baterias (…) O Brasil não está neste ponto ainda (…) Estamos no começo de uma nova globalização por meio da IA [Inteligência Artificial], e o Brasil não está perto de linha de frente nisso.”

E por fim: “Acho que Lula entendeu que alguns dos comentários que fez sobre Rússia, Ucrânia e Venezuela não o ajudaram. Mas isso não importou muito no cenário global.”