Mais um capítulo da CPI que investiga a fraude contábil da Americanas: o possível envolvimento das subsidiárias brasileiras das consultorias KPMG e PwC que, entre outros serviços, realizam auditorias. Nesta terça-feira (13), Leonardo Coelho Pereira, CEO da varejista, apresentou à comissão emails e trocas de mensagens que levam a crer que os balanços foram alterados para aumentar os lucros.
Entre os documentos disponibilizados pelo executivo, havia trocas de emails da diretoria com a KPMG em que os termos usados na carta final da auditoria são discutidos a fim de suavizar o conteúdo. Assim, foi eliminada, por exemplo, a expressão “deficiências significativas” e o trecho “recomendações que merecem atenção do conselho de administração” passou a ser “recomendações que merecem atenção da administração” – o que dá a entender que o nível mais alto da corporação não precisaria ser envolvido no assunto.
Em outra leva de documentos, há uma carta com indícios de que a PwC estaria sugerindo como escrever um texto com informações mais genéricas para que a expressão “risco sacado”, modalidade de antecipação de recebíveis que pode ser usada para operacionalizar fraudes, não ficasse evidente.
Em sua fala inicial à comissão, Pereira disse que “essas informações não me permitem tratar [o caso] como inconsistências contábeis”. Mas ponderou que tudo precisaria de mais contexto, já que as auditorias receberam documentos falsificados.
Até às 17h, KPMG e PwC, como era de se esperar, não fizeram qualquer manifestação em suas redes sociais, mesmo sendo explicitamente citadas na CPI. Na terça-feira (13), a KPMG no Brasil disse à Folha que, “por motivos de cláusulas de sigilo e regras da profissão, está impedida de se manifestar sobre casos envolvendo clientes ou ex-clientes da firma”. A PwC, por sua vez, afirmou em nota que não comenta temas de clientes por questões de confidencialidade e regras de sigilo profissional”.