O MUNDO DE OLHO NO PLANETA

A COP27 destacou a importância de impulsionar a economia de baixo carbono. Durante o encontro, foi divulgado um plano das maiores indústrias alimentícias para deter o desmatamento, além de um projeto de combate à insegurança alimentar

A COP27, que aconteceu mês passado em Sharm el-Sheikh, no Egito, definiu pontos importantes para a melhoria das questões ambientais que afetam o planeta. Representantes de governos de mais de 190 países e 45 mil participantes – entre povos indígenas, comunidades locais e sociedade civil – contribuíram para as discussões.

Na ocasião, foi reforçado o compromisso das nações de manter a meta de limitar o aumento da temperatura global até 1,5ºC, se comparado à média pré-industrial. Esse é um dos principais itens do Acordo de Paris, primeiro tratado universal de combate às mudanças climáticas, assinado em 2015 durante a conferência realizada na capital francesa. A COP27 destacou ainda outros temas importantes:

* fundo de perdas e danos – criação de um fundo global em que países ricos vão contribuir para uma reserva financeira de auxílio em casos de desastres naturais relacionados às mudanças climáticas.
* economia de baixo carbono – segundo o plano de implementação discutido no evento, a transformação global para uma economia de baixo carbono deve exigir investimentos anuais de US$ 4 trilhões a US$ 6 trilhões. Para que esse objetivo seja alcançado, o documento destaca a importância da atuação conjunta de governos, bancos centrais e comerciais, investidores institucionais e outros atores financeiros.
* tecnologia climática – um novo programa de trabalho de cinco anos focado em promover soluções de tecnologia climática nos países em desenvolvimento.
* perda e degradação florestal – a Forest and Climate Leaders’ Partnership fez avanços importantes nessa área, reforçando como a união de governos, empresas e líderes comunitários pode contribuir para deter a perda florestal até 2030.

 

POR UMA INDÚSTRIA MENOS POLUENTE

Em evento paralelo à COP27, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) promoveu o painel Clima e Comércio Internacional, em que foram discutidos o Mecanismo de Ajuste de Carbono na Fronteira e regras de comércio contra o desmatamento. A CNI tem trabalhado para mobilizar o setor industrial na implementação de soluções para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Segundo o órgão, a indústria brasileira é uma das menos poluentes do mundo e existe um esforço junto ao Congresso Nacional para modernizar e aprimorar a legislação ambiental e defender um mercado regulado de carbono, como em outros países. Liège Correia, diretora de sustentabilidade da Friboi, que participou da discussão, destacou que já estão em prática no Brasil diversas ações para garantir a produção sustentável de alimentos. Ela deu como exemplo a integração lavoura-pecuária-floresta. “Essa solução permite que, em uma mesma área, o produtor aumente sua produção em até 40% e, ao mesmo tempo, capture gases de efeito estufa da atmosfera, em vez de emiti-los.”

“Será um ano de ação para irmos mais longe no desenvolvimento de incentivos e suporte técnico para produtores, que são a chave para acabar com o desmatamento.” Gilberto Tomazoni, CEO global da JBS

 

EMPRESAS EM AÇÃO

A COP27 trouxe outra contribuição importante: a divulgação do Roteiro do Setor Agrícola 1,5°C. O documento, assinado por 14 das maiores empresas de alimentos do mundo, define como elas vão atuar para reduzir as emissões provocadas pela mudança do uso da terra em suas operações. A JBS, maior empresa de alimentos do mundo, é uma das signatárias.

O plano, que é bem amplo, inclui medidas para lidar com a perda de florestas nas cadeias de suprimentos e para acelerar o cumprimento dos objetivos estabelecidos, com ênfase nas áreas que sofrem os maiores impactos. O roteiro também descreve como as empresas signatárias vão colaborar com outros atores relevantes, caso de governos, integrantes da cadeia de suprimentos e instituições financeiras. O trabalho reforça a importância da regulamentação, assim como o incentivo para que agricultores e pecuaristas protejam os recursos naturais.