Em sua férrea disciplina para seguir judiciosamente a Teoria do Medalhão, aquela que dá nome a um conto de Machado de Assis, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) cravou mais um gol de placa nesta terça (5), ao dar sinal verde para a formação da CPI dos pastores do MEC, mas, como na prédica famosa de Santo Agostinho, jogá-la para as calendas.
Vai ficar para depois das eleições, como convém ao governo Bolsonaro.
Mineiro de cinco costados, o presidente do Senado segue exatamente o que pede aquele pai ao filho, segundo a pena de Machado: não brilhar, não se destacar, jamais aventurar-se para longe do porto seguro do lugar comum.
Eis o lugar comum de hoje, dado a conhecer pela conta de Pacheco no Twitter:
“O Senado, integralmente, reconhece a importância das CPIs para investigar ilícitos no MEC, desmatamento ilegal na Amazônia, crime organizado e narcotráfico. Os requerimentos serão lidos em plenário por dever constitucional e questões procedimentais serão decididas.”
(E aí vem a adversativa:)
“Porém, a ampla maioria dos líderes entende que a instalação de todas elas deve acontecer após o período eleitoral, permitindo-se a participação de todos os senadores e evitando-se a contaminação das investigações pelo processo eleitoral.”
A oposição já estrilou. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que foi novamente um dos pontas-de-lança da reunião de assinaturas entre seus pares que viabilizou a formação da comissão, escreveu em sua conta de Twitter: “Se o requerimento da CPI do MEC não for lido nós iremos ao STF. Se os líderes partidários não fizerem indicação, nós iremos ao STF para que a Constituição Federal seja cumprida!”