Os jornalistas de O Globo Aguirre Talento e Bela Megale – esta com passagem pregressa pela PODER – estão com livro novo na praça. O Fim da Lava-Jato (Globo Livros) busca inventariar o destino da mais rumorosa operação político-criminal do século 21 no Brasil.
O ex-juiz, ex-ministro de Bolsonaro e ex-consultor a soldo milionário da transacional Alvarez & Marsal Sergio Moro é figura central, como não poderia deixar de ser, da narrativa, tendo sido ele o protagonista da ascensão e da derrocada da Operação. Moro, como entendeu o STF, agiu sem a necessária imparcialidade nos julgamentos de delatores e delatados, especialmente no caso do ex-presidente Lula.
Uma passagem do livro mostra que o então ministro da Justiça de Bolsonaro já via, precocemente, os esforços do presidente em enterrar a Operação; nessa hora, Moro, já calculava seu destino político, ao mirar uma cadeira no STF, algo que seria, para o ex-ex-ex, uma “maneira elegante” de ser ejetado do governo.
Os jornalistas acompanharam a operação desde o início e fizeram cerca de 50 entrevistas para a confecção do livro.
É curioso constatar que o êxito da Operação Lava Jato sempre dependeu do beneplácito da mídia, e o órgão mais poderoso do setor no Brasil de fato prestou o apoio necessário ao ex-ex-ex e aos promotores destacados na Operação, ao oferecer minutos generosos e preciosos no noticioso Jornal Nacional em troca de exclusivas e vazamentos customizados.
Moro sempre usou a Mani Pulite, operação italiana análoga à Lava Jato, como modelo, e uma das lições da Mani Pulite era dar conhecimento público dos passos das investigações através dos meios de comunicação massivos. Sensacionalismo caía bem.
Quando estava por cima da carne seca, o ex-ex-ex ainda foi objeto de uma biografia escrita por outro jornalista da corporação, Vladimir Netto, que atuava no Jornal Nacional e é filho de Miriam Leitão.
O livro terá lançamento em São Paulo, com presença dos autores, na terça (5), às 19h, na bela livraria Martins Fontes, na avenida Paulista.