Lula vem dando sistemáticos recados sobre as dificuldades que pode vir a enfrentar para governar o país, caso vença as eleições de outubro – mesmo não tendo ainda dito, por capricho absolutamente desnecessário, que é 100% candidato pelo PT.
Mais ainda do que o anúncio de que trabalha para ter o ex-governador paulista Geraldo Alckmin como companheiro de chapa, o discurso se coaduna com as conversas surpreendentes que ele vem mantendo com figuras do chamado PSDB histórico, hoje muito mais próximos da centro-direita do que propriamente da social-democracia que ainda dá nome ao partido.
Lula esteve com o senador Tasso Jereissati, que deixou claro estar a léguas do candidato presidencial do partido, João Doria; com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso; e, mais surpreendentemente, dado o grau de beligerância já manifestada por ele contra o PT, com o ex-ministro das Relações Exteriores de Michel Temer, Aloysio Nunes Ferreira, com quem Lula trocou figurinhas no último dia 20.
Aloysio, conforme revelou ao Correio Braziliense, falou com Lula sobre “o resgate de convergências muito positivas no passado” e “mais necessárias no presente”. “Precisa restabelecer esse ambiente, a vontade de se fazer um mutirão para reconstruir o Brasil (…) Conversando, dialogando, superando divergências, esquecendo os agravos passados e indo em frente”, disse.
Nesta quinta (27), o colunista Guilherme Amado afirmou ao site Metrópoles que o próximo expoente tucano a se entrevistar com Lula é o ex-governador do Paraná e presidente do PSDB no estado, Beto Richa.
Lula trocou as caravanas da cidadania dos anos 1990 pelo pragmatismo das alianças.