O governador gaúcho Eduardo Leite perdeu para João Doria no sábado (27) a indicação a candidato a presidente da República pelo PSDB em 2022, mas é possível que sua derrota tenha sido mais sentida em Minas Gerais do que no próprio palácio Piratini, sede do Executivo do Rio Grande do Sul.
O grande apoiador de Leite foi o deputado federal Aécio Neves, que ainda controla nacos importantes do partido e tem conduzido a sigla em direção à centro-direita, num claro alinhamento com o governo federal.
Aécio, que hoje é presidente da comissão de Relações Exteriores da Câmara Federal, tem se mantido relativamente reservado, mas nesta sexta (3) soltou a voz para o bravo matutino O Estado de S.Paulo.
A seguir, o melhor da entrevista:
DORIA, O ISOLACIONISTA
“Doria tem de demonstrar que a sua candidatura não nos levará ao isolamento. Temo ainda hoje o reflexo em candidaturas estaduais, no Congresso Nacional. Ele tem de demonstrar que eu estou errado e vou dar minha mão à palmatória se conseguir realmente construir em torno de si uma aliança que possa tornar sua candidatura minimamente competitiva.”
LUTA DESIGUAL NAS PRÉVIAS
“Nós de Minas e outros estados apoiamos Eduardo Leite não por ser contra o Doria, mas por enxergar em Eduardo muito melhores condições para aglutinar essas forças de centro, com baixa rejeição, com discurso moderno, e romper essa polarização que ainda existe entre Lula e Bolsonaro. Só que foi uma luta muito desigual (…) De outro lado, uma máquina avassaladora do governo de São Paulo, toda a serviço de uma candidatura.”
NEM NEM
“Criou-se uma imagem de que sou um líder do ponto vista da bancada, isso não existe (…) Não apoiei quando ele [Bolsonaro] era chamado de “mito” na campanha de 2018 e não estamos apoiando agora. Eu quero construir uma candidatura no meio do caminho que fura essa polarização. Isso não me faz achar que o PT seja essa alternativa, acho que também não é.”
TERCEIRA VIA
“Eu acho que o Ciro tem uma candidatura mais enraizada, não sei se ele teria essa disposição, eu gostaria, eu cheguei a citar o Ciro como uma alternativa. Eu acho que nós tínhamos de trabalhar o centro ampliado, que vai da centro esquerda até a centro direita para termos chance efetiva. O Brasil merece muito mais do que ficar refém dessa polarização.”