Não que isso seja exatamente uma novidade no Executivo, mas os últimos dias vêm sendo marcados por debandada geral de servidores em órgãos ministeriais e recusas a privilégios ou mimos do Planalto.
Semana passada houve a devolução, por parte de 21 cientistas, da medalha da Ordem do Mérito Científico. Mais do que todo o negacionismo científico demonstrado à farta na gestão da crise da Covid-19, o movimento ainda se deu em resposta à retirada, por ordem de Jair Bolsonaro, de dois nomes que também fariam parte da lista de homenageados.
Os dois nomes, o pesquisador Marcus Vinícius Guimarães Lacerda e a diretora da Fiocruz Amazônia Adele Schwartz Benzaken preferiram a ciência à cloroquina.
Nesta segunda (8), o movimento se agravou com o pedido de demissão conjunto de 13 servidores do Inep, dez deles coordenadores. Cabe ao órgão planejar e executar o Enem, o Exame Nacional do Ensimo Médio, principal sistema de admissão às faculdades brasileiras. Como agravante, as provas acontecem em duas semanas.
Os servidores alegaram “falta de comando técnico” no planejamento do Enem e um certo “clima de insegurança e medo”. Os demissionários ainda dizem que o movimento não é decorrente de “posição ideológica ou de cunho sindical”.
Na semana passada, outra baixa. Oswaldo dos Santos Lucon, coordenador-executivo do Fórum Brasileiro de Mudança do Clima, nomeado em 2019 pelo próprio Bolsonaro, pediu o boné. A demissão ocorreu no terceiro dia da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP-26, em Glasgow, na Escócia, e, segundo o servidor, se deu por “falta de interlocução” entre governo e sociedade civil.