Ao premiar com o Nobel da Paz dois jornalistas, um da Rússia, outra das Filipinas, a academia sueca que concede o prêmio Nobel reconheceu a importância da atividade jornalística na manutenção da democracia e no desmascaramento das condutas impróprias de governantes e aspirantes ao poder.
O jornalismo vem sendo atacado sistematicamente nos países em que autocratas subiram ao poder, da Polônia a Nicarágua, da Hungria ao Brasil.
Assim, as láureas para a filipina Maria Ressa e para o russo Dmitri Muratov acolhem também repórteres e editores que combatem o bom combate em todo o mundo.
Ressa, que durante muitos anos foi correspondente da CNN gringa no Sudeste Asiático, chegou a ser presa pelo regime de Rodrigo Duterte, o presidente filipino que se elegeu com um discurso de tolerância zero com as drogas – e pena de morte “off the label” para usuários e traficantes –, chegou a ser presa em 2019, acusada de “difamação cibernética”, um desses instrumentos criados ao arrepio do bom senso e da democracia para calar a imprensa e a oposição.
Muratov é editor do Novaia Gazeta, que tenta fazer jornalismo independente na Rússia, um dos países que mais reprimem e controlam a atividade no mundo.
“Esse prêmio não vai resolver os problemas que os jornalistas e a liberdade de expressão vêm enfrentando, mas joga luz sobre o trabalho dos jornalistas e o quão difícil é exercer a liberdade de expressão não apenas em regiões de conflito armado, mas em todo o mundo”, disse Berit Reiss-Andersen, porta-voz da organização norueguesa que concede os prêmios Nobel.
Ressa disse à CNN que “não está lutando contra o governo Duterte”, mas sim “por meus direitos”.
“Ainda sou uma idealista.”