
O feriado de 1º de maio frustrou os planos do Palácio do Planalto. A instalação da comissão especial que vai analisar a nova proposta de Imposto de Renda foi adiada. A primeira reunião só deve ocorrer no dia 6 de maio.
O problema não é apenas o calendário. A composição do colegiado ainda não está completa. Dos 34 parlamentares previstos, oito ainda aguardam indicação de seus partidos.
Disputa interna por vagas
Os partidos ainda disputam espaços na comissão. A visibilidade que o grupo terá atraiu o interesse de muitos parlamentares. Lideranças estão escolhendo os nomes com cuidado, tanto pela afinidade com o tema quanto pela força política.
Até o momento, o PL, principal partido de oposição ao governo, não indicou nenhum nome. Já o PT, partido do presidente Lula, colocou seu líder na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), como titular da bancada. A sigla ainda tem quatro vagas a preencher.
Comissão ainda não tem plano de trabalho
O presidente da comissão, deputado Rubens Pereira Júnior (PT-MA), aguarda o plano de trabalho do relator, Arthur Lira (PP-AL). Só com isso será possível definir o calendário de audiências públicas e a votação dos requerimentos.
Essa fase é considerada fundamental. A comissão precisa ouvir especialistas, discutir impactos e propor ajustes antes de enviar o texto ao plenário.
O que está em jogo
O projeto de lei proposto pelo governo amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil mensais. Para quem ganha entre R$ 5 mil e R$ 7 mil, o desconto pode chegar a 75% do valor devido.
Segundo o governo, essa medida representa uma renúncia fiscal de R$ 25 bilhões. Para equilibrar as contas, a proposta inclui um novo patamar mínimo para quem recebe mais de R$ 50 mil por mês.
O objetivo do Planalto é aprovar a nova tabela ainda este ano, garantindo validade para a declaração de 2026.
Campanha começou antes do debate
Mesmo sem a comissão instalada, o governo já lançou uma campanha publicitária para divulgar a nova isenção. A estratégia visa reforçar o discurso de justiça fiscal e pressionar o Congresso.
Nos bastidores, porém, parlamentares reclamam da antecipação. Alguns avaliam que o Planalto colocou o carro na frente dos bois ao divulgar um benefício ainda não aprovado.