
O governo dos Estados Unidos entrou em ritmo acelerado para concluir seu primeiro acordo comercial sobre tarifas. O secretário do Tesouro, Scott Bessent, afirmou nesta segunda-feira que entre 15 e 18 países já estão em negociações com Washington. Segundo ele, a Índia deve ser o primeiro país a fechar um acordo.
Com a pressão crescente do tarifaço promovido pelo presidente Donald Trump, os EUA buscam resolver rapidamente pendências comerciais. Scott Bessent destacou que muitos parceiros apresentaram propostas consideradas “muito boas” para escapar das tarifas mais pesadas.
Índia na linha de frente
Entre os países em conversas avançadas, a Índia ocupa posição de destaque. Bessent ressaltou que o acordo com o país asiático está muito próximo de ser assinado. Se confirmado, este movimento poderá desencadear uma série de novos pactos nos próximos meses.
Entretanto, negociações com outros parceiros asiáticos têm enfrentado mais dificuldades. O Japão, por exemplo, deixou claro que só aceitará um acordo se os EUA removerem completamente as tarifas. O negociador japonês Ryosei Akazawa garantiu que seu país não pretende abrir mão de setores estratégicos, como a agricultura.
Obstáculos no caminho
Além do Japão, a Coreia do Sul também adota cautela. Autoridades de Seul afirmaram que só devem retomar discussões mais profundas após as eleições presidenciais antecipadas em junho. Segundo Park Sung-taek, vice-ministro do Comércio sul-coreano, é “teoricamente impossível” firmar um acordo abrangente antes disso.
Enquanto isso, a relação dos EUA com a China continua extremamente tensa. Bessent classificou o diálogo com Pequim como “complicado“, embora existam esforços para diminuir o clima de hostilidade. Nos bastidores, medidas como a isenção de tarifas para alguns produtos norte-americanos sugerem uma tentativa chinesa de reduzir o impacto econômico da disputa.
Expectativa de impacto global
As incertezas nas negociações já provocam reações em diversas regiões. No Brasil, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçou nesta segunda-feira que o país manterá sua política de “canais de comércio abertos“. Ele defendeu que o Brasil siga buscando acordos com Estados Unidos, China e União Europeia, sem se prender a conflitos bilaterais.
Apesar disso, as declarações recentes de Trump, acusando o Brasil de enriquecer às custas dos EUA, geraram desconforto. Até o momento, não há sinal de um acordo bilateral entre Brasília e Washington para tratar especificamente do tarifaço.