
No fechamento do dia anterior, a moeda norte-americana apresentou uma leve queda de 0,16%, sendo cotada a R$ 5,7184. Em contrapartida, o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, encerrou em alta de 1,34%, atingindo os 132.216 pontos.
Na manhã desta quinta-feira (24), o dólar iniciou o pregão com uma nova baixa, refletindo as reações do mercado diante dos desdobramentos das tarifas implementadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e os efeitos da guerra tarifária em curso com a China.
Dados divulgados na quarta-feira (23) nos EUA indicam que a economia americana já começou a sentir as consequências do aumento das tarifas sobre importações. O relatório conhecido como Livro Bege, elaborado pelo Federal Reserve (Fed), revela que tanto as empresas quanto os consumidores buscam estratégias para se proteger das novas tarifas. No entanto, isso resulta em um aumento nos preços de diversos produtos e serviços e sugere uma desaceleração na atividade econômica.
A possibilidade de uma desaceleração na maior economia do mundo é encarada com preocupação por investidores globais, uma vez que tal cenário pode impactar negativamente outras nações que têm os EUA como parceiro comercial estratégico.
As tensões comerciais com a China continuam sendo um tema central. Na quarta-feira, a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que não haverá redução unilateral das tarifas americanas sobre produtos chineses. Apesar disso, o governo Trump demonstra otimismo quanto à possibilidade de um acordo com Pequim.
No entanto, nesta quinta-feira, autoridades chinesas refutaram a existência de negociações comerciais em andamento entre os dois países. O porta-voz do Ministério do Comércio da China, He Yadong, afirmou que não há fundamentos para qualquer declaração sobre progresso nas negociações econômicas entre os dois lados.
O governo chinês solicitou que os EUA revisem suas práticas e demonstrem sinceridade nas conversas para restaurar um diálogo baseado na igualdade.
Essas declarações contrastam com as afirmações recentes do presidente Trump, que havia sugerido que um entendimento poderia levar à redução significativa das tarifas sobre produtos chineses. Segundo informações da Casa Branca, as tarifas aplicadas ao país asiático já alcançam até 245%.
A porta-voz da Casa Branca reforçou que não haverá cortes unilaterais nas tarifas durante entrevista à Fox News. Contudo, fontes próximas ao governo informaram à Reuters que existe a consideração de reduzir algumas tarifas enquanto aguardam o desenrolar das negociações com Pequim. Até o momento, Trump ainda não tomou uma decisão definitiva sobre esse assunto.
O secretário do Tesouro dos EUA também expressou esperança em relação à diminuição das tensões comerciais entre as duas potências. Ele destacou que seria necessário ajustar as tarifas para facilitar futuras negociações comerciais.
A repercussão do tarifaço segue presente nos últimos indicadores econômicos dos EUA. O índice de gerentes de compras (PMI) indicou uma desaceleração na atividade empresarial para o menor nível em 16 meses em abril. Esse dado foi divulgado pela S&P Global e sinaliza um aumento nos preços dos bens e serviços devido às incertezas causadas pelas tarifas.
A equipe de análises da XP Investimentos comentou que os preços estão subindo enquanto a atividade econômica começa a diminuir em algumas regiões do país. Essa situação ocorre à medida que empresas e consumidores tentam se adaptar às novas políticas tarifárias estabelecidas pelo governo Trump.
O Livro Bege capturou as primeiras consequências dessas políticas, evidenciando um aumento nas compras antes da aplicação das tarifas. Porém, essa adaptação tem sido desafiadora para muitas empresas, resultando em hesitações em grandes investimentos diante de um cenário considerado caótico.