Em resposta ao clima hostil criado pelo governo dos Estados Unidos, o Brasil decidiu intensificar os laços comerciais com a Europa. Entre os dias 23 e 30 de abril, uma comitiva brasileira formada por representantes do governo e do setor empresarial visitará três países europeus para negociar acordos e ampliar mercados.
Três destinos, uma missão
O grupo passará por Lisboa, Varsóvia e Bruxelas, levando propostas voltadas a exportações, investimentos, ciência e inovação. A viagem é coordenada pela ApexBrasil, que atua na promoção das exportações brasileiras, em parceria com o Ministério das Relações Exteriores.
Segundo o presidente da Apex, Jorge Viana, o objetivo é acelerar a ratificação do acordo Mercosul-União Europeia, que pode ganhar força diante da instabilidade nas relações com os EUA. “O Brasil quer mostrar que está pronto para se abrir ao mundo e não depende de um único parceiro comercial”, afirmou.
Tarifaço pressiona economia brasileira
O endurecimento da política comercial dos Estados Unidos, liderado por Donald Trump, causou alerta entre empresários e diplomatas brasileiros. O chamado “tarifaço” sobre produtos estrangeiros atinge diretamente setores em que o Brasil é competitivo, como agroindústria e manufaturados.
Embora os EUA ainda sejam o segundo maior parceiro comercial do Brasil, as novas barreiras sinalizam que o país precisa diversificar seus mercados. Especialistas apontam a Ásia e a Europa como destinos estratégicos para essa expansão.
Setores estratégicos no foco da viagem
A comitiva levará representantes de segmentos como café, frutas, tecnologia e ciência agrícola. A ideia é apresentar o Brasil como um parceiro confiável, com compromisso com a sustentabilidade, inovação e estabilidade institucional.
Em cada país, o grupo participará de reuniões com empresários locais, autoridades políticas e investidores. A agenda inclui painéis sobre oportunidades bilaterais, visitas técnicas e eventos de networking.
Acordo Mercosul-UE em pauta
O acordo entre o Mercosul e a União Europeia, negociado há mais de duas décadas, foi formalmente assinado em 2024, mas ainda precisa ser ratificado pelos órgãos europeus. A missão brasileira tenta justamente convencer os parceiros de que o Brasil está empenhado em cumprir os compromissos assumidos.
Para Jorge Viana, o momento é ideal para isso. “As tensões comerciais com os EUA mostram que é preciso construir pontes com quem compartilha valores como multilateralismo, sustentabilidade e previsibilidade”, destacou.