
Por Jair Viana
A diretoria do Corinthians não cometeu crime ao executar o programa. A conclusão é do delegado da Polícia Civil, Marcel Madruga, responsável pelo inquérito instaurado a pedido de Tuma Júnior. No relatório, Madruga afirma que não há indícios de crime por parte da diretoria do clube. O documento final diz que eventuais irregularidades identificadas não configuram crimes, mas “supostas questões administrativas que devem ser resolvidas internamente pelo clube”. A investigação, aberta a pedido do conselheiro Romeu Tuma Júnior durante o processo de impeachment do presidente Augusto Melo, também destaca que o uso político do inquérito, feito por Tuma, é inadequado, especialmente diante da ausência de provas de infrações penais.
O delegado isentou a diretoria de envolvimento em cambismo ou invasão cibernética ao sistema do programa. A emissão manual de ingressos, por exemplo, foi considerada regular, já que os funcionários utilizavam logins corporativos autorizados.
A investigação foi solicitada por Romeu Tuma Júnior durante o processo de impeachment de Augusto Melo, acusado de irregularidades na gestão. O delegado Marcel Madruga advertiu explicitamente contra o uso do caso para fins políticos, afirmando que “o inquérito policial não pode ser utilizado indevidamente com essa finalidade, especialmente na ausência de demonstração de infração penal”. Tuma Júnior, ao pressionar pelo afastamento de Melo, utilizou politicamente a investigação, sem apresentar qualquer prova de crime praticado por Augusto Melo.
A conclusão do inquérito expõe uma contradição no cenário político do Corinthians. De um lado, a ausência de crimes reforça a legitimidade de Augusto Melo, cuja gestão enfrenta críticas por ineficiência, mas não por ilegalidades. De outro, Romeu Tuma Júnior, que liderou a solicitação da investigação, vê sua estratégia de impeachment minada pelas próprias conclusões do relatório que solicitou. A investigação policial, ao destacar a necessidade de resolver conflitos internos via estatuto e assembleias, indiretamente questiona a pertinência do processo de impeachment, que agora parece sustentado mais por disputas de poder do que por fatos concretos.
Outro lado
A reportagem não conseguiu contato com Tuma Júnior para saber sua opinião sobre a conclusão do inquérito. A direção do Corinthians informou que não irá se manifestar sobre o relatório “por não tê-lo na íntegra, tendo apenas acesso via imprensa”, disse.