
O governo federal decidiu agir para reforçar sua articulação política. Em maio, o Palácio do Planalto vai iniciar um levantamento detalhado de cargos ocupados por pessoas indicadas por deputados e senadores.
A equipe política quer entender quem está ocupando quais espaços dentro da Esplanada dos Ministérios e outras estruturas federais. O objetivo é simples: usar essas informações como base para negociações com o Congresso.
Foco está em cargos e fidelidade parlamentar
Nos bastidores, o governo admite que muitos parlamentares com baixa adesão às pautas do Executivo mantêm apadrinhados em cargos estratégicos. Isso acontece mesmo entre os que assinaram projetos contrários aos interesses do governo, como o da anistia eleitoral.
Segundo interlocutores do Planalto, a ideia não é perseguir ninguém, mas sim garantir coerência. Se um parlamentar ocupa espaço dentro do governo, espera-se que ele atue em sintonia com o Executivo nas votações.
Cargos viram peça-chave no jogo político
O mapeamento dos cargos vai permitir ao Planalto saber quem tem influência real na máquina pública. A expectativa é que isso ajude nas conversas com os líderes partidários, especialmente sobre temas como a revisão da tabela do Imposto de Renda e a PEC da Segurança Pública.
Na prática, o governo quer evitar o que ocorre hoje: deputados com cargos indicados que votam contra o governo. Ao mesmo tempo, muitos que apoiam fielmente o Planalto não foram contemplados com nenhuma nomeação.
PP e União Brasil são os principais alvos
Dois partidos concentram a atenção do levantamento: o Progressistas (PP) e o União Brasil. Ambos possuem espaços expressivos na Esplanada, mas mostram alto índice de infidelidade nas votações no Congresso.
Mesmo com ministérios e cargos de segundo escalão, parte de suas bancadas vota sistematicamente contra o governo. Isso tem incomodado os articuladores políticos, que agora buscam uma forma de rever os acordos firmados nos primeiros meses da gestão.
Centrão cobra reciprocidade por lealdade
Enquanto isso, parlamentares do Centrão que têm votado com o governo demonstram insatisfação. Muitos não conseguiram emplacar indicados nos principais cargos federais e se sentem prejudicados em comparação aos colegas mais “rebeldes”.
Esse cenário criou um ambiente de cobrança mútua dentro da base. De um lado, o Planalto exige fidelidade. Do outro, os congressistas querem retorno político e institucional.