Mercado mantém projeções para inflação e reduz expectativa de crescimento em 2025

Edifício-Sede do Banco Central em Brasília || Créditos: Divulgação

O mercado financeiro manteve suas projeções para a inflação em 2024 e 2025, mas reduziu ligeiramente a expectativa de crescimento econômico para o próximo ano. Os dados fazem parte do Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central nesta segunda-feira (31), que reúne a avaliação de analistas sobre os principais indicadores econômicos do país.

Inflação continua acima da meta

A projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal medidor da inflação no Brasil, permaneceu em 5,65% para 2024. Apesar disso, os economistas já haviam revisado essa expectativa para cima ao longo do ano, registrando um ciclo de 19 semanas consecutivas de alta nas previsões.

Para 2026, o mercado manteve a projeção em 4,50%, acima do centro da meta do Banco Central, que é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Isso significa que a inflação ainda pode seguir pressionada nos próximos anos, desafiando as estratégias de política monetária.

Crescimento econômico perde ritmo

A projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2024 caiu de 1,98% para 1,97%, indicando um leve ajuste na estimativa. Para 2026, a previsão seguiu estável em 1,60%, mantendo um cenário de crescimento moderado para o Brasil.

Na semana passada, o Banco Central já havia reduzido sua própria projeção para a economia brasileira em 2025. A estimativa anterior indicava uma expansão de 2,1%, mas o novo cálculo aponta para um crescimento de 1,9%, refletindo uma atividade econômica mais fraca do que o esperado.

Taxa de juros segue sem mudanças

O mercado também manteve a previsão para a taxa básica de juros (Selic). A expectativa para 2025 continua em 15,00%, permanecendo inalterada por 12 semanas consecutivas. Para 2026, os economistas projetam que a taxa caia para 12,50%, sinalizando um possível alívio no custo do crédito ao longo dos anos.

A decisão de manter a Selic elevada está relacionada ao desafio de controlar a inflação persistente, que segue acima do limite de tolerância do Banco Central. No entanto, a desaceleração do crescimento econômico pode gerar pressões para cortes mais rápidos nos juros no futuro.

Câmbio reflete incertezas no cenário global

O levantamento do Boletim Focus também apontou mudanças na expectativa para o dólar. A projeção para a moeda norte-americana em 2025 caiu de R$ 5,95 para R$ 5,92, enquanto para 2026 a previsão se manteve em R$ 6,00.

A cotação do dólar tem oscilado em resposta a fatores como a incerteza sobre a política tarifária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e ajustes técnicos no mercado cambial. Desde o início do ano, a moeda norte-americana acumula uma queda de 6,74% em relação ao real.