O Brasil registrou um novo recorde na exportação de carne bovina em fevereiro. No total, o país enviou 219 mil toneladas da proteína ao exterior, marcando o maior volume para o mês desde 1997. O desempenho garantiu um faturamento próximo de US$ 1 bilhão, impulsionado pela alta demanda internacional e pela valorização do dólar.
China e Estados Unidos lideram compras
Os dois principais compradores da carne brasileira continuam sendo China e Estados Unidos. Juntos, os países importaram 121,3 mil toneladas, o que representa mais da metade de toda a exportação do Brasil no mês. O mercado chinês, que tradicionalmente tem forte participação, pagou 8,5% a mais por tonelada em comparação ao ano anterior, fortalecendo ainda mais o setor.
Além da China e dos EUA, outros mercados asiáticos também têm demonstrado maior interesse pela carne brasileira. Essa expansão reflete uma estratégia do governo para diversificar os destinos das exportações, reduzindo a dependência de poucos países compradores.
Concorrência enfraquecida favorece Brasil
O aumento das exportações brasileiras não aconteceu por acaso. Especialistas apontam que o Brasil tem se beneficiado da dificuldade de outros grandes produtores, como Estados Unidos e Austrália, que enfrentam problemas para manter sua oferta no mercado internacional.
“O Brasil soube aproveitar o momento e ampliar sua presença global. Com concorrentes em retração, a demanda por carne brasileira aumentou consideravelmente”, explica Roberto Perosa, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec).
A cotação do dólar também tem favorecido os produtores. Com a moeda americana valorizada, os exportadores brasileiros conseguem receber mais pelo produto, garantindo um faturamento maior para o setor.
Expansão de mercados na Ásia
O governo brasileiro busca ampliar ainda mais as exportações, principalmente para a Ásia. Recentemente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva viajou ao Japão e ao Vietnã para negociar novos acordos comerciais.
Segundo o Ministério da Agricultura, o Japão já aceitou iniciar um processo para ampliar a importação da carne brasileira. Nos próximos meses, técnicos japoneses devem visitar o Brasil para avaliar as condições sanitárias da produção nacional.
Apesar do otimismo, a Abiec alerta que o mercado japonês exige altos padrões de qualidade e que a negociação pode levar tempo. “O diálogo já dura mais de 20 anos, e, apesar dos avanços, ainda há etapas burocráticas a serem cumpridas”, ressalta Perosa.
Crescimento sustentável do setor
Com recordes sucessivos de exportação, o setor de carne bovina se mantém como um dos principais motores da economia brasileira. No entanto, especialistas reforçam a importância de equilibrar o mercado interno e externo.
“O crescimento das exportações é positivo, mas é essencial que o Brasil também invista na produção para atender a demanda interna, evitando impactos nos preços para o consumidor”, afirma William Baghdassarian, economista do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec).