
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a decisão dos Estados Unidos de impor uma nova sobretaxa de 25% sobre os carros importados, anunciada pelo presidente Donald Trump. Durante uma entrevista no Japão, Lula alertou que essa medida pode prejudicar não apenas outros países, mas também a própria economia americana.
Impactos negativos para os EUA
Lula afirmou que a estratégia protecionista de Trump pode ter efeitos contrários ao esperado. Segundo ele, a alta taxação dos importados pode elevar o preço dos automóveis no mercado interno e impactar diretamente o consumidor norte-americano.
“O que o presidente Trump precisa entender é que essa decisão pode gerar uma inflação que ele ainda não percebeu. Se os preços dos produtos subirem, pode haver aumento dos juros e uma desaceleração econômica”, disse Lula.
O presidente também ressaltou que muitas montadoras japonesas operam nos Estados Unidos, o que significa que a sobretaxa pode atingir empresas que geram empregos no próprio país.
Brasil vai reagir à tarifa sobre o aço
Lula também confirmou que o Brasil não ficará parado diante das tarifas aplicadas pelos Estados Unidos sobre o aço e alumínio brasileiros. O governo pretende recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) para contestar a decisão de Trump.
Se a OMC não reverter as tarifas, Lula indicou que o Brasil pode adotar a chamada lei da reciprocidade, criando sobretaxas sobre produtos americanos. A medida visa pressionar os EUA a reverem as taxações que prejudicam as exportações brasileiras.
“Se não houver uma solução na OMC, podemos aplicar tarifas semelhantes sobre produtos dos EUA que chegam ao Brasil”, afirmou o presidente.
Preocupação com o livre comércio
Lula criticou a postura do governo norte-americano, afirmando que a política de sobretaxas vai contra o princípio do livre comércio. Ele alertou para os riscos do protecionismo e destacou que a economia global depende de acordos comerciais justos.
“No fundo, o livre comércio está sendo prejudicado. Não é papel dos EUA agirem como xerifes do mundo, impondo tarifas de forma unilateral”, declarou.
Parcerias com o Japão e o Mercosul
Durante sua visita ao Japão, Lula também discutiu acordos comerciais com o primeiro-ministro Shigeru Ishiba. Um dos principais temas foi a exportação de carne bovina brasileira para o Japão, que ainda enfrenta barreiras sanitárias.
O governo japonês prometeu enviar uma missão técnica para inspecionar os frigoríficos brasileiros. Lula se mostrou otimista e acredita que até o final do ano haverá um avanço nas negociações.
Além disso, Lula destacou que o Brasil buscará um acordo comercial entre o Mercosul e o Japão, fortalecendo a cooperação econômica entre os blocos.
Críticas ao protecionismo e apelo por investimentos
No Fórum Empresarial Brasil-Japão, Lula aproveitou para atrair investimentos estrangeiros e criticar o crescimento do protecionismo no mundo. O presidente pediu um compromisso mais firme do Japão na luta contra o negacionismo climático e no apoio à COP30, que será realizada no Brasil em 2025.
No evento, também foi anunciado um acordo da Embraer com a companhia aérea japonesa ANA para a compra de 20 aviões.
Próximos passos da viagem
Após encerrar sua agenda no Japão, Lula seguirá para Hanói, no Vietnã, dando continuidade à sua turnê pela Ásia. No Vietnã, o presidente buscará ampliar parcerias comerciais e reforçar a presença brasileira na região.