
O rombo nas contas externas do Brasil mais do que dobrou no primeiro bimestre deste ano, de acordo com o Banco Central (BC). Nos dois primeiros meses, o déficit atingiu US$ 17,3 bilhões, contra US$ 8,3 bilhões no mesmo período do ano passado.
Esse resultado significa que o país gastou muito mais do que arrecadou em suas transações internacionais. Quando isso acontece, o Brasil precisa recorrer a outros meios de financiamento, como investimentos estrangeiros e operações financeiras.
O que explica essa piora?
O aumento do déficit nas contas externas está diretamente ligado ao desempenho da balança comercial. No primeiro bimestre, o superávit comercial foi de apenas US$ 340 milhões, uma queda drástica em relação aos US$ 9,95 bilhões registrados no mesmo período do ano passado.
Esse recuo se deve a um aumento expressivo das importações e a uma queda nas exportações, reduzindo o saldo positivo da balança comercial. Além disso, os gastos com serviços adquiridos no exterior e remessas de lucros para fora do país também pressionaram o saldo negativo.
Investimento estrangeiro não cobre o déficit
Os investimentos estrangeiros diretos (IED) cresceram no período, mas não foram suficientes para cobrir o rombo nas contas externas. Nos primeiros dois meses do ano, o Brasil recebeu US$ 15,8 bilhões em investimentos externos, contra US$ 14,4 bilhões no ano anterior.
Embora esse crescimento seja positivo, ainda ficou abaixo do déficit de US$ 17,3 bilhões, forçando o país a buscar outras formas de financiamento para equilibrar as contas.
Perspectivas para o ano
O Banco Central estima que, até o fim de 2025, o déficit em conta corrente pode atingir US$ 58 bilhões. Esse valor representa uma leve redução em relação ao déficit de US$ 60 bilhões registrado no ano passado.
Por outro lado, o governo espera que os investimentos estrangeiros diretos alcancem US$ 70 bilhões ao longo do ano, o que ajudaria a amenizar o impacto do déficit.
Especialistas apontam que a tendência das contas externas depende do desempenho da balança comercial, do ritmo da economia global e da confiança dos investidores internacionais no Brasil.