Escassez de ovos nos EUA faz importações do Brasil dispararem

Foto: Reprodução/Freepik

Crise causada pela gripe aviária leva governo americano a flexibilizar medidas para evitar desabastecimento

A gripe aviária nos Estados Unidos tem causado impactos significativos no mercado de ovos, levando o país a buscar soluções emergenciais. Como resposta, o governo aumentou as importações do Brasil, que quase dobraram nos últimos meses, e avalia mudanças nas regras sanitárias para permitir o uso de ovos de frangos de corte na indústria alimentícia.

Crise no abastecimento pressiona governo

Desde 2022, o surto de gripe aviária nos Estados Unidos já resultou na morte de quase 170 milhões de aves, reduzindo drasticamente a produção de ovos. Esse cenário fez com que os preços subissem mais de 50% no atacado, impactando diretamente os consumidores e restaurantes.

Diante desse quadro, o governo americano tem buscado alternativas para evitar um colapso no abastecimento. Uma das principais medidas adotadas foi o aumento das importações de ovos de países como Brasil, Turquia e Coreia do Sul. Somente em fevereiro, as compras de ovos brasileiros cresceram 93% em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

Ovos brasileiros entram na cadeia alimentar

Até então, os ovos importados do Brasil eram usados apenas na produção de ração animal. No entanto, as novas medidas permitem que esses produtos sejam processados e utilizados em alimentos industrializados, como misturas para bolo, sorvetes e molhos para salada. Isso libera mais ovos frescos para o consumo direto dos americanos.

Apesar da ampliação das importações, os ovos brasileiros ainda não podem ser vendidos diretamente nos supermercados dos EUA. Isso ocorre porque o Brasil enfrenta casos da doença de Newcastle, que afeta aves e impede a exportação de ovos líquidos pasteurizados ou para consumo in natura.

Flexibilização das regras pode gerar impasse

Além do aumento das importações, o governo americano também considera mudanças nas normas sanitárias para permitir o uso de ovos de frangos de corte na produção de alimentos. Atualmente, esses ovos são descartados porque não atendem às exigências de refrigeração da Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA).

A indústria avícola dos Estados Unidos argumenta que essa mudança ajudaria a conter a crise, já que cerca de 360 milhões de ovos são inutilizados anualmente por falta de estrutura para armazenamento adequado. Entretanto, especialistas em segurança alimentar alertam para possíveis riscos.

“O armazenamento inadequado pode permitir a proliferação de bactérias, tornando a pasteurização menos eficaz”, afirmou Susan Mayne, ex-diretora do Centro de Segurança Alimentar da FDA.

Impactos no setor e novas estratégias

Diante da crise, alguns estados americanos, como Nevada e Arizona, já relaxaram as regras de bem-estar animal que exigiam que ovos vendidos no comércio viessem de galinhas livres de gaiolas. A medida visa reduzir os impactos da escassez e conter a alta dos preços.

Além disso, o governo dos EUA anunciou um plano de US$ 1 bilhão para reforçar o combate à gripe aviária, incluindo incentivos para que os produtores adotem novas práticas sanitárias e pesquisas para o desenvolvimento de vacinas contra o vírus.