Banco Central vê economia desacelerando e sinaliza novo aumento na taxa Selic

Banco Central do Brasil || Crédito: Raphael Ribeiro/BCB

O Banco Central divulgou nesta terça-feira (25) a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), confirmando que a economia brasileira começa a perder força, algo visto como necessário para conter a inflação. O documento aponta que, apesar do dinamismo no mercado de trabalho, já há sinais de desaceleração no crescimento, o que pode influenciar a política de juros nas próximas decisões.

Economia desacelera, mas segue em expansão

O Copom destacou que a atividade econômica ainda cresce, mas há uma incipiente moderação no ritmo de expansão. Esse movimento, segundo a instituição, é parte esperada do processo de transmissão da política monetária e fundamental para trazer a inflação para dentro da meta.

Na última reunião, a taxa Selic foi elevada para 14,25% ao ano, maior patamar desde a crise econômica de 2015 e 2016. A ata do Copom reafirma que novas altas podem acontecer, mas em intensidade menor.

Inflação ainda preocupa o Banco Central

Mesmo com a atual política de juros elevados, a inflação segue como um desafio. Em fevereiro, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 1,31%, maior variação para o mês desde 2003. No acumulado de 12 meses, o índice chegou a 5,06%, acima do esperado pelo mercado.

O Banco Central reforçou que a projeção para a inflação dos próximos anos segue elevada. Para 2025, a estimativa é de 5,65%, o que representa um possível estouro da meta estabelecida.

Taxa de juros pode subir novamente

O Copom já indicou que pode haver novos aumentos na Selic na próxima reunião, marcada para maio. No entanto, o Banco Central sugere que, se o cenário evoluir conforme o esperado, o ajuste será menor do que nas reuniões anteriores.

A decisão sobre a Selic será baseada em diferentes fatores econômicos, incluindo:

  • Comportamento da inflação e seus principais componentes;

  • Projeções econômicas para os próximos anos;

  • Cenário internacional e impactos externos sobre a economia brasileira;

  • Nível de atividade econômica e equilíbrio fiscal.

Cenário externo adiciona incerteza

O Banco Central também mencionou que o ambiente internacional segue desafiador. Nos Estados Unidos, a política econômica e incertezas sobre as decisões do Federal Reserve (Fed) criam instabilidade nos mercados globais. O aumento de tarifas comerciais anunciado pelo ex-presidente Donald Trump pode afetar o crescimento global e influenciar a economia brasileira.

Além disso, o documento alerta que os preços dos alimentos continuam elevados, o que pode gerar efeitos secundários sobre outros produtos.