
O Banco Central divulgou nesta terça-feira (25) a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), confirmando que a economia brasileira começa a perder força, algo visto como necessário para conter a inflação. O documento aponta que, apesar do dinamismo no mercado de trabalho, já há sinais de desaceleração no crescimento, o que pode influenciar a política de juros nas próximas decisões.
Economia desacelera, mas segue em expansão
O Copom destacou que a atividade econômica ainda cresce, mas há uma incipiente moderação no ritmo de expansão. Esse movimento, segundo a instituição, é parte esperada do processo de transmissão da política monetária e fundamental para trazer a inflação para dentro da meta.
Na última reunião, a taxa Selic foi elevada para 14,25% ao ano, maior patamar desde a crise econômica de 2015 e 2016. A ata do Copom reafirma que novas altas podem acontecer, mas em intensidade menor.
Inflação ainda preocupa o Banco Central
Mesmo com a atual política de juros elevados, a inflação segue como um desafio. Em fevereiro, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 1,31%, maior variação para o mês desde 2003. No acumulado de 12 meses, o índice chegou a 5,06%, acima do esperado pelo mercado.
O Banco Central reforçou que a projeção para a inflação dos próximos anos segue elevada. Para 2025, a estimativa é de 5,65%, o que representa um possível estouro da meta estabelecida.
Taxa de juros pode subir novamente
O Copom já indicou que pode haver novos aumentos na Selic na próxima reunião, marcada para maio. No entanto, o Banco Central sugere que, se o cenário evoluir conforme o esperado, o ajuste será menor do que nas reuniões anteriores.
A decisão sobre a Selic será baseada em diferentes fatores econômicos, incluindo:
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Comportamento da inflação e seus principais componentes;
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Projeções econômicas para os próximos anos;
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Cenário internacional e impactos externos sobre a economia brasileira;
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Nível de atividade econômica e equilíbrio fiscal.
Cenário externo adiciona incerteza
O Banco Central também mencionou que o ambiente internacional segue desafiador. Nos Estados Unidos, a política econômica e incertezas sobre as decisões do Federal Reserve (Fed) criam instabilidade nos mercados globais. O aumento de tarifas comerciais anunciado pelo ex-presidente Donald Trump pode afetar o crescimento global e influenciar a economia brasileira.
Além disso, o documento alerta que os preços dos alimentos continuam elevados, o que pode gerar efeitos secundários sobre outros produtos.