Economia brasileira pode perder força nos próximos meses, aponta relatório

Foto: Marcello Casal Jr

A economia brasileira começou o ano com crescimento robusto, impulsionado pelo setor agropecuário. No entanto, um novo relatório da Instituição Fiscal Independente (IFI) indica que esse cenário pode mudar nos próximos meses. Segundo a análise, fatores como juros elevados e um crescimento menor da massa salarial devem enfraquecer a atividade econômica a partir do segundo trimestre.

Primeiro trimestre forte, mas cenário pode mudar

O relatório destaca que o IBC-Br, índice que antecipa a atividade econômica do país, registrou um aumento de 0,9% em janeiro. Esse avanço foi puxado principalmente pela safra agrícola recorde. Apesar do bom desempenho inicial, a IFI alerta que a tendência é de desaceleração ao longo do ano.

“A economia começou 2025 operando acima de sua capacidade, mas deve perder ritmo após o impacto positivo da safra agrícola“, aponta o relatório.

Os desafios para a economia

Entre os principais fatores que podem desacelerar a economia, a IFI destaca:

  • Juros elevados: a Selic subiu recentemente para 14,25% ao ano, o que reduz o crédito e freia o consumo.
  • Renda menor: a expansão da massa salarial deve ser de 4,1% em 2025, abaixo dos 6,5% registrados em 2024.
  • Confiança em queda: indicadores mostram que empresas e consumidores estão mais cautelosos sobre o futuro.

Mesmo com a liberação de R$ 12 bilhões do FGTS pelo governo, a expectativa é de que o efeito positivo sobre o consumo seja limitado.

Contas públicas e inflação sob pressão

O relatório também aponta que o governo teve um superávit primário de R$ 54,2 bilhões no primeiro bimestre, bem acima dos R$ 21,2 bilhões do ano passado. Apesar disso, a IFI alerta que a arrecadação precisa se manter forte para garantir o déficit zero prometido pelo governo.

Além disso, o documento chama atenção para o chamado hiato do produto, um indicador que mede a diferença entre a demanda e a capacidade da economia de atender a essa demanda. Como o consumo continua aquecido, isso pode gerar pressão inflacionária nos próximos meses.