
Por décadas, o centro de São Paulo foi associado ao caos urbano e à criminalidade. Hoje, os números revelam uma realidade transformada: a região registrou quedas expressivas em todos os principais indicadores de violência entre 2023 e 2024, alcançando os menores índices da última década. Comparado ao biênio 2021/2022, quando a média anual de homicídios dolosos era de 42 casos, o período atual registrou apenas 32 ocorrências em 2023 – uma redução de 23,8%. Nos primeiros seis meses de 2024, a projeção aponta para uma queda adicional de 30%, consolidando uma tendência histórica.
Os roubos a transeuntes, que atingiram o pico de 5.200 casos em 2021, caíram para 3.890 em 2023 (-25,2%), com redução de 18% no primeiro semestre deste ano. Já os furtos de celulares, que preocupavam moradores e comerciantes com uma média anual de 9.800 registros em 2021/2022, despencaram 26,5% no último ano. Até mesmo os roubos de veículos, que cresceram 10% em 2022, tiveram queda de 28% em 2023, atingindo o menor patamar em 24 anos.
Drogas e armas fora das ruas
A virada na segurança da região central tem um nome: delegado Jair Ortiz. À frente da 1ª Seccional desde 2023, ele liderou operações que resultaram na apreensão de 3,8 toneladas de drogas no último ano – um salto de 216%* Ante a média de 1,2 toneladas registrada em 2021/2022. Além disso, 460 armas ilegais foram retiradas das ruas, interrompendo o ciclo de violência do tráfico.
“Não medimos esforços para asfixiar financeiramente o crime. Cada grama de droga apreendida salva vidas”, afirmou Ortiz.
Estratégia que virou referência
Sob a gestão de Ortiz, a região central tornou-se exemplo na recuperação de veículos. Em 2023, 1.075 carros e motos roubados ou furtados foram devolvidos aos donos – um aumento de 40% ante os números de 2022. Os roubos de veículos, que chegavam a 680 casos por ano em 2021/2022, caíram para 490 em 2023, com projeção de 35% de redução em 2024.
“Cada veículo recuperado poupa uma família do desespero“, destacou o delegado, que personalizou operações noturnas em pontos críticos como a Praça da Luz.
Operações de alto impacto
A queda nos índices deve-se a ações como a Operação Resgate, que prendeu 616 traficantes em 2023 e recuperou 2.9 mil celulares roubados – item que respondia por 35% dos furtos na região em 2021. Já a Operação Corte Zero retirou *17.601 armas brancas das ruas, reduzindo crimes violentos.
“Usamos reconhecimento facial e georreferenciamento para antecipar movimentos criminosos“, explicou Ortiz.
Legado restaura confiança
Os números são históricos, mas a maior conquista está na percepção de quem vive no centro. Ana Lúcia, comerciante da Liberdade, resume: “Antes, fechar às 18h era um risco. Hoje, circulamos em paz”. Para Ortiz, a segurança é um direito básico: “Devolver essa dignidade às pessoas é nossa missão“.
O combate continua
Apesar dos avanços, a Cracolândia segue como desafio, e os furtos em transportes públicos ainda representam 35% dos casos. A meta para 2025 é ampliar o uso de drones e inteligência artificial, além de reduzir em mais 15% os roubos de veículos.
“O crime se adapta, mas nossa resposta será sempre mais ágil“, garantiu o delegado.
O centro de São Paulo prova que é possível reescrever uma história marcada pelo medo. E os números de 2023/2024 – inferiores até aos melhores registros da década – são a prova de que planejamento e coragem fazem a diferença.