Guerra por cocaína abala regiões da Colômbia e desafia a paz

Guerra por cocaína abala regiões da Colômbia e desafia a paz
Foto: Reprodução / X @rueda_suelta

A disputa pelo controle da cocaína e das economias ilegais já deixou dezenas de mortos e milhares de deslocados

O conflito armado que assola a região de Catatumbo, no norte da Colômbia, ganhou novas proporções nas últimas semanas, com uma escalada violenta envolvendo o Exército de Libertação Nacional (ELN) e dissidentes das Farcs, conhecidos como Frente 33. A guerra tem como pano de fundo o controle de territórios ricos em cocaína, um dos maiores produtos ilegais da região, que financiam as guerrilhas e tornam a disputa por essas áreas ainda mais sangrenta.

Catatumbo é uma das regiões mais ricos do país em recursos naturais e, ao mesmo tempo, uma das mais pobres socialmente. A produção de cocaína, aliada ao contrabando e à extração ilegal de petróleo e minerais, tornou a área um centro de economias ilegais. A disputa pelo controle dessas atividades ilícitas é o principal motor da violência. O aumento do preço da cocaína no mercado global fez com que os grupos armados intensificassem suas ações para dominar a produção e o tráfico da droga.

“Esse não é um conflito apenas por terras, mas sim por recursos e controle econômico”, afirma Sebástian Granda Henao, especialista em Fronteiras e Direitos Humanos. Para ele, o confronto em Catatumbo é parte de uma luta maior, em que os interesses financeiros se sobrepõem à vontade de paz. A disputa por cocaína é o principal combustível da violência, com guerrilhas se enfrentando não só por território, mas também pelo lucro gerado pelo tráfico.

Com mais de 100 mortes confirmadas e 52 mil pessoas forçadas a deixar suas casas, a crise humanitária em Catatumbo é uma das mais graves dos últimos anos na Colômbia. Mais de 80 mil pessoas foram afetadas diretamente pelo conflito, e cerca de 8,6 mil permanecem confinadas, sem poder sair de suas localidades devido à violência armada.

As medidas humanitárias estão sendo intensificadas pela Acnur, a agência da ONU para refugiados, que alerta para as necessidades urgentes de abrigo, alimentação, serviços médicos e acesso à educação. No entanto, a violência persistente coloca essas iniciativas em risco.