A Petrobras encerrou 2024 com um lucro líquido de R$ 36,6 bilhões, número 70,6% menor que o registrado no ano anterior. O resultado reflete uma série de fatores que impactaram o balanço da estatal, incluindo a desvalorização do real, disputas tributárias e oscilações no mercado de petróleo.
Impacto da variação cambial
Segundo o diretor Financeiro da companhia, Fernando Melgarejo, a queda no lucro está relacionada a um fator contábil. Ele explicou que operações entre a Petrobras e suas subsidiárias no exterior criaram um descompasso financeiro, resultado da valorização do dólar no fim do ano.
“O impacto vem, principalmente, da variação cambial em nossas dívidas. São transações que geram despesas e receitas em moedas diferentes e que, ao final, se equilibram. Mas, no curto prazo, afetaram o lucro líquido da Petrobras”, detalhou Melgarejo.
Se esse fator não fosse considerado, o lucro líquido da empresa teria sido de R$ 103 bilhões, conforme estimativas internas.
Queda no preço do petróleo e margens menores
Além da questão cambial, o desempenho da Petrobras foi afetado pela queda de 2% no preço do barril de petróleo e pela redução de 39% nas margens do diesel. Esses fatores contribuíram para a retração da receita da empresa ao longo do ano.
A estatal também mencionou que a adesão a um acordo tributário com o governo influenciou os números. Em junho de 2024, a companhia decidiu encerrar uma disputa com a União, resultando em um impacto de R$ 11 bilhões no lucro líquido.
Prejuízo no último trimestre e reação do mercado
O quarto trimestre de 2024 foi especialmente difícil para a Petrobras. A empresa registrou prejuízo de R$ 17 bilhões no período, contrastando com o lucro de R$ 31 bilhões do mesmo trimestre no ano anterior.
Apesar da queda, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, reforçou que a empresa segue forte e gerando valor para acionistas e sociedade. “Nosso desempenho operacional foi sólido e reafirma o papel estratégico da Petrobras no setor de energia”, afirmou.
Dividendos e expectativas para 2025
Mesmo com a forte redução no lucro, a Petrobras manteve sua política de distribuição de dividendos. A empresa propôs o pagamento de R$ 9,1 bilhões aos acionistas, sujeito à aprovação da assembleia geral em abril.
Caso aprovado, o valor total distribuído chegará a R$ 75,8 bilhões, incluindo dividendos, juros sobre capital próprio e recompra de ações.
Os pagamentos acontecerão em duas parcelas, previstas para maio e junho de 2025.