Com menos investimentos estrangeiros, saldo negativo alcança maior valor desde 2020
As contas externas brasileiras apresentaram um déficit de US$ 8,7 bilhões em janeiro deste ano, quase o dobro do saldo negativo registrado no mesmo período de 2024. A informação foi divulgada pelo Banco Central (BC) e acendeu um alerta no mercado financeiro. Paralelamente, os investimentos estrangeiros diretos no país recuaram 28,4%, somando apenas US$ 6,5 bilhões no período.
Déficit externo e suas causas
O resultado negativo nas contas externas reflete uma redução no superávit da balança comercial, que encolheu R$ 4,3 bilhões no mês. Além disso, houve aumento das despesas com serviços e remessas de lucros para o exterior, pressionando ainda mais o saldo negativo.
O Banco Central destacou que este foi o maior déficit registrado para um mês de janeiro desde 2020, quando o saldo negativo chegou a US$ 10,8 bilhões. O resultado também indica um desafio adicional para a economia brasileira, que depende de capitais estrangeiros para financiar suas contas externas.
Investimento estrangeiro em queda
Outro fator preocupante é a redução nos investimentos estrangeiros diretos (IED), que caíram de US$ 9,1 bilhões para US$ 6,5 bilhões em um ano. Isso significa que os aportes externos não foram suficientes para cobrir o rombo das contas externas, ampliando o risco de maior desvalorização do real.
Para o acumulado de 2025, o Banco Central projeta um déficit de US$ 58 bilhões, ligeiramente abaixo dos US$ 60 bilhões registrados no ano passado. Já a expectativa para o investimento estrangeiro direto é de US$ 70 bilhões no fechamento do ano.
Impactos para a economia
A piora nas contas externas pode ter diversos efeitos econômicos, como:
- Maior pressão sobre o câmbio, podendo levar à desvalorização do real;
- Aumento do custo de financiamento externo, dificultando a captação de recursos por empresas e pelo governo;
- Redução da confiança dos investidores, afetando a entrada de novos capitais no país;
- Possíveis ajustes na taxa de juros, caso o Banco Central decida intervir para controlar a volatilidade do mercado.