Fundada em 2018, no Rio de Janeiro, a Midas Touch nasceu do desejo genuíno de empreender e criar algo autêntico. A ideia surgiu após Rodrigo Tinoco e Guido, então recém-formados no ensino médio, serem responsáveis pela confecção das camisetas de formatura do Colégio Cruzeiro. O sucesso da iniciativa despertou neles a vontade de explorar o universo da moda, especialmente no streetwear.
Os dois amigos, que sempre compartilharam projetos criativos, como blogs, canais no YouTube e sites de notícias e esquetes, decidiram unir suas habilidades para construir a Midas Touch.
Com uma abordagem inicial despretensiosa, a marca começou como uma experiência. No entanto, conforme suas coleções ganharam força e conquistaram um público fiel, o projeto deixou de ser um hobby para se tornar um negócio promissor. Em 2019, Guido decidiu se dedicar integralmente ao audiovisual, deixando a sociedade, mas mantendo-se próximo da marca e atuando nas produções audiovisuais.
O grande ponto de virada veio em 2022, quando Rodrigo Cirino, amigo de infância de Tinoco, ingressou na Midas como sócio e CFO. Com uma estrutura mais robusta, a marca consolidou seu crescimento e passou a ser o foco total de seus fundadores. A partir desse momento, a Midas Touch deixou de ser apenas um experimento e se tornou um negócio consolidado no cenário do streetwear nacional.
Em entrevista exclusiva à Poder, Tinoco fala sobre carreira, moda e planos para o futuro.
Desde a fundação da marca, seu processo criativo mudou? Quais são suas principais fontes de inspiração?
Busco sempre manter meu processo criativo natural. As entregas refletem o momento de vida que estou passando, e gosto bastante disso. Definitivamente, hoje esse processo criativo é mais maduro, e minhas referências também. No passado, o desenvolvimento das peças era 100% minha responsabilidade. Hoje, felizmente, conto com uma coordenadora de estilo e um designer gráfico no time, que agilizam bastante esse processo.
Minhas fontes de inspiração, no entanto, seguem as mesmas. Filmes, livros e séries que consumo geralmente refletem meu momento de vida, e esse sentimento se retroalimenta. Quando me mudei para o apartamento onde moro atualmente, consumi muito conteúdo sobre arquitetura, design de interiores e movimentos artísticos desse universo. Isso se traduziu na coleção, trazendo referências a móveis e decoração. Acredito que esse exemplo seja bem representativo de como lido com o processo criativo hoje em dia.
Como CEO de uma marca streetwear e tendo começado tão jovem no mercado da moda, qual conselho você daria para novos empreendedores que querem construir uma marca com propósito?
A definição do propósito de uma empresa é sempre desafiadora, especialmente quando se trata de uma marca de moda. Minha principal dica é consumir ao máximo aquilo que lhe atrai, cercar-se desse sentimento motivador e exercitar a reflexão sobre o que o move. Provavelmente, o mesmo motivo que o leva a consumir ou pensar sobre esses assuntos será o propósito da sua marca.
Aqui na Midas, esse processo levou cerca de três anos até que eu me sentisse satisfeito. Quando terminei, percebi que a resposta estava ali o tempo todo, eu só não havia questionado aqueles sentimentos e motivações. Hoje, é claro para mim por que fazemos o que fazemos, por que enxergamos os verdadeiros prazeres da vida e a importância que damos a esses momentos e histórias no nosso dia a dia. Nossas peças falam sobre isso e provocam essas reflexões.
Qual a importância do marketing digital para a Midas? Possuem alguma estratégia ou novidade voltada para a área?
O marketing digital sempre foi o cerne do negócio, é uma área que sempre me atraiu. Apesar de ser formado em administração e estar cursando um mestrado em gestão empresarial, a área de growth cativou minha atenção.
Hoje, nossas estratégias buscam combinar os ambientes físico e digital, com ações como o projeto Midas Room. Além disso, fomentamos uma comunidade sólida por meio do Instagram e do WhatsApp.
Em 2019, fomos pioneiros nesse movimento no nicho da moda nacional. Antes mesmo de “comunidade” se tornar um buzzword, já utilizávamos ferramentas como o close friends no Instagram para criar uma proximidade com o público, algo antes inexplorado e negligenciado por marcas do segmento.
Em um cenário de feeds perfeitos e comunicação institucional distante, buscamos conexão e humanização — talvez até um pouco cedo demais. Mas me orgulho bastante desse movimento.
Quais são os próximos passos para a marca em 2025? Podemos esperar novas linhas, colaborações ou expansão?
O foco para 2025 é 100% crescimento e expansão das atividades da marca. Criamos uma forte cultura nesse sentido, e todos os anos buscamos dobrar o tamanho da empresa. Em 2025, isso não será diferente.
Teremos nossa primeira flagship store, em um formato um tanto quanto curioso. Nosso espaço fica em um prédio comercial na Praia de Botafogo, número 210. Com cerca de 150m², o local reunirá loja, escritório e estoque. A loja ficará centralizada, cercada pelos escritórios com portas de vidro. A expectativa é inaugurar na primeira quinzena de março.
No espaço, teremos atendimento presencial, provador e a possibilidade de compra de itens exclusivos. Diferente de outros showrooms, não será necessário agendar uma visita — queremos um local onde as pessoas possam conferir as novidades e curtir a vista privilegiada para a enseada de Botafogo, que sempre foi uma grande paixão minha. Podemos dizer que temos a vista mais bonita do streetwear nacional.
Este ano também será marcado pela expansão dos projetos paralelos à marca, como o Midas Room, nossa extensão criativa no universo da música eletrônica. O Midas Room é um projeto incrível, que consegue trazer para uma festa toda a nossa essência. É um ambiente alegre, cercado de pessoas que compartilham esse mesmo sentimento.
O projeto permitiu expandir a presença da marca para além do ambiente digital e do consumo. Ele não visa vender ingressos ou aumentar o lucro da empresa, mas sim celebrar nossas conquistas recentes — e, de quebra, proporcionar uma noite diferente para quem está cansado dos mesmos eventos no Rio de Janeiro. Temos planos de levar o projeto para São Paulo ainda este ano, mas esse é um tópico para o segundo semestre.
Por fim, se fosse para definir a Midas em uma frase, qual seria?
“O meio do caminho é o melhor lugar para se estar.”