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Muitas vezes nos pegamos tentando evitar sentimentos desconfortáveis, como se admitir tristeza ou frustração fosse um sinal de fraqueza. A cultura da positividade constante ensina a reprimir essas emoções, mascarando as dores com frases prontas e sorrisos forçados. Mas até que ponto isso nos fortalece? Em vez de fugir dessas emoções, talvez seja mais valioso aprender a acolhê-las.
Recentemente, conversei sobre esse tema com a psicóloga Maria Klien, que trouxe reflexões importantes sobre como a busca pela positividade extrema pode gerar efeitos contrários ao desejado. Para ela, a imposição de um otimismo constante acaba levando ao isolamento, pois muitas pessoas sentem culpa por não conseguirem sustentar esse estado de espírito e evitam compartilhar suas angústias com medo do julgamento.
Maria também destacou que frases como “vai ficar tudo bem” podem parecer um gesto de apoio, mas muitas vezes minimizam o sofrimento do outro. Quando alguém se abre sobre um problema, não busca soluções imediatas, mas sim acolhimento e compreensão. Criar espaço para que as emoções sejam sentidas e respeitadas é o que realmente constrói conexões autênticas.
No contexto familiar, isso se torna ainda mais relevante. Se uma criança sente liberdade para expressar suas frustrações, é sinal de que encontrou um ambiente seguro. Esse acolhimento é essencial para o desenvolvimento psíquico, ajudando a construir adultos emocionalmente saudáveis e preparados para lidar com desafios.
Ignorar ou reprimir emoções não as faz desaparecer, apenas adia a necessidade de enfrentá-las. Como alerta Maria Klien, muitas pessoas tardam em buscar ajuda justamente por acreditarem que devem ser resilientes o tempo todo. Mas a verdadeira força está em aceitar a complexidade das próprias emoções, permitindo-se vivenciá-las por completo.
Abandonar a positividade tóxica não significa se render ao pessimismo, mas sim aceitar que todas as emoções têm seu valor. Permitir-se sentir torna a vida mais genuína e fortalece os laços humanos, pois cria espaço para trocas verdadeiras e respeitosas.
A plenitude emocional não está em fingir felicidade constante, mas em aprender a transitar por todas as emoções com consciência e aceitação. Somente assim conseguimos encontrar um equilíbrio real e duradouro.