
O café arábica atingiu valores recordes em fevereiro, registrando o maior preço real desde o início da série histórica do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). No entanto, produtores demonstram preocupação com os impactos do clima extremo, que pode comprometer a próxima safra.
Alta nos preços e impacto no mercado
De acordo com o Cepea, a cotação do café arábica tipo 6 chegou a R$ 2.769,45 por saca de 60 quilos no dia 12 de fevereiro, um recorde absoluto. Nos dias seguintes, houve pequenas variações, mas os valores continuaram acima de R$ 2.700, refletindo a baixa oferta e a demanda aquecida.
O preço elevado já impacta o consumidor final, que percebe aumentos nos valores do café nas prateleiras dos supermercados. A valorização também influencia o mercado internacional, tornando o café brasileiro ainda mais disputado no exterior.
Escassez e clima desafiam produção
Os baixos estoques globais e nacionais do café são um dos principais fatores que sustentam a alta nos preços. Além disso, a expectativa para a safra 2025/26 é motivo de alerta. Especialistas indicam que a produção pode ser prejudicada por conta do calor intenso e da falta de chuvas, principalmente entre agosto e outubro de 2024.
“O forte calor e a escassez de chuvas podem reduzir a qualidade dos grãos e impactar a produtividade. Isso preocupa os cafeicultores, pois a safra já havia sido afetada por condições adversas no ano anterior”, explica um pesquisador do Cepea.
Como o calor extremo afeta o café?
O excesso de calor prejudica o desenvolvimento dos grãos, que precisam de temperaturas mais amenas para garantir uma bebida de qualidade. O clima seco também pode acelerar a maturação do café, fazendo com que os grãos desidratem antes da colheita.
A situação se agrava porque a produção de arábica, a variedade mais valorizada e consumida, é altamente sensível às variações climáticas. Se as temperaturas continuarem elevadas nos próximos meses, o impacto na safra 2025/26 pode ser significativo.
Exportações seguem em alta
Apesar das dificuldades no campo, o Brasil mantém forte presença no mercado internacional. Nos primeiros cinco meses da safra 2024/2025, o país exportou cerca de 22 milhões de sacas de café, impulsionado pela alta demanda global e pela valorização do dólar.
O volume exportado já representa quase 50% do total embarcado na safra anterior. Com a oferta reduzida e os preços elevados, a tendência é que o mercado externo continue pressionando as cotações nos próximos meses.