![Três governadores que mais dobraram salários desde 2022; veja o ranking nacional](https://revistapoder.uol.com.br/wp-content/uploads/2024/06/Bandeira_Brasil_JPG.jpg)
O Brasil registrou seu pior desempenho histórico no Índice de Percepção da Corrupção (IPC) de 2024, divulgado pela Transparência Internacional. O país recebeu 34 pontos na escala que vai de 0 a 100, ficando na 107ª posição entre 180 países. Esse resultado representa um retrocesso significativo, reforçando preocupações sobre a governança e a integridade das instituições públicas.
Queda constante e fragilidade nas políticas anticorrupção
O desempenho do Brasil no IPC já vinha sofrendo sucessivas quedas nos últimos anos. Em 2023, o país havia marcado 36 pontos e ocupado a 104ª posição. O melhor resultado da série histórica foi em 2012 e 2014, quando atingiu 43 pontos.
O relatório aponta que essa piora está ligada a uma combinação de fatores, como a falta de transparência governamental, a ingerência política em órgãos estratégicos e o enfraquecimento de mecanismos de controle. Além disso, a Transparência Internacional destaca que a presença do crime organizado dentro de instituições estatais está cada vez mais evidente, o que contribui para um cenário de maior corrupção.
Fatores que agravam a percepção de corrupção
Entre os pontos que mais influenciaram o desempenho negativo do Brasil no ranking, a Transparência Internacional cita:
- Silêncio do governo sobre medidas concretas de combate à corrupção;
- Falta de transparência em projetos estratégicos, como o Novo PAC;
- Aumento da influência política em empresas públicas, como a Petrobras;
- Recusa do governo em liberar informações sob alegação de sigilo;
- Casos de corrupção persistentes em órgãos como o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS);
- Anulação de investigações e processos da Lava Jato, enfraquecendo o combate a esquemas de corrupção de grande porte.
Especialistas alertam que, sem medidas efetivas, o Brasil pode enfrentar um agravamento ainda maior na percepção de corrupção nos próximos anos.
Comparação com outros países e impacto internacional
O desempenho brasileiro no ranking é inferior à média global de 43 pontos e também abaixo da média das Américas, que ficou em 42 pontos. No continente, o Uruguai lidera com 76 pontos, seguido pelo Chile, com 66 pontos. Já a Argentina (37 pontos) e a Colômbia (39 pontos) aparecem próximas ao Brasil.
No topo do ranking, países como Dinamarca (90 pontos), Finlândia (88 pontos) e Cingapura (84 pontos) seguem como referências de integridade. No extremo oposto, nações com graves crises políticas e sociais, como Sudão do Sul (8 pontos) e Venezuela (10 pontos), figuram entre as piores.
O resultado brasileiro também gera impactos econômicos, afetando a confiança de investidores e aumentando os riscos para quem pretende fazer negócios no país. A instabilidade institucional e a falta de transparência podem afastar investimentos estrangeiros e prejudicar o crescimento econômico.
O que dizem governo e especialistas
A Controladoria-Geral da União (CGU) criticou a metodologia do IPC, afirmando que países que investigam e expõem casos de corrupção podem ser penalizados no ranking. Segundo a CGU, a exposição desses casos impacta negativamente a percepção do problema, mesmo quando há esforços para combatê-lo.
Por outro lado, a Transparência Internacional argumenta que a tendência de queda do Brasil ao longo dos anos reflete um desmonte sistêmico no combate à corrupção. O diretor-executivo da organização no Brasil, Bruno Brandão, alertou que o país está cada vez mais vulnerável à captura do Estado por interesses criminosos.
“O Brasil precisa tratar essa queda como um sinal de alerta. Quanto mais tempo demorarmos para reverter essa trajetória, mais difícil será recuperar a integridade das instituições”, afirmou Brandão.