
Os brasileiros sacaram R$ 26,2 bilhões a mais do que depositaram na poupança em janeiro, segundo dados divulgados pelo Banco Central. O resultado mantém a tendência dos últimos anos e reforça a perda de atratividade da caderneta como principal forma de investimento.
Saldo negativo preocupa especialistas
No primeiro mês do ano, os depósitos somaram R$ 326,8 bilhões, enquanto as retiradas chegaram a R$ 353,1 bilhões, resultando em um saldo negativo expressivo. Em janeiro de 2024, a poupança já havia registrado um déficit de R$ 20,1 bilhões, mas encerrou o ano com um saldo positivo de R$ 15,4 bilhões.
Apesar da queda no saldo, a poupança ainda rendeu R$ 5,9 bilhões no mês, mantendo um montante total de R$ 1,01 trilhão aplicado na modalidade.
Setor imobiliário e crédito rural lideram retiradas
Os saques mais significativos vieram dos recursos da caderneta aplicados em crédito imobiliário, que apresentaram depósitos de R$ 281,9 bilhões, mas retiradas ainda maiores, totalizando R$ 302,2 bilhões. O setor rural também registrou uma captação negativa, com R$ 44,9 bilhões em depósitos e R$ 50,8 bilhões em saques.
Os dados refletem a redução na captação líquida do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), que ficou negativa em R$ 20,3 bilhões. No crédito rural, o saldo líquido foi ainda menor, com um déficit de R$ 5,9 bilhões.
Mudança no comportamento financeiro dos brasileiros
Especialistas apontam que o aumento nas retiradas pode estar relacionado a cenários econômicos desafiadores, como a alta da inflação e a busca por investimentos mais rentáveis. Com a taxa Selic em patamares elevados, muitos investidores preferem fundos de renda fixa e CDBs, que oferecem rendimentos superiores à poupança.
Além disso, o começo do ano é marcado por despesas sazonais, como o pagamento de impostos, material escolar e contas acumuladas das festas de fim de ano. Esses fatores contribuem para o aumento nos saques e a manutenção da tendência de saldo negativo nos primeiros meses do ano.