Preços do café podem subir até 25% no Brasil devido à seca e aumento de custos

Preços do café podem subir até 25% no Brasil devido à seca e aumento de custos
Café. Imagem: Reprodução / Freepik

A escassez de chuvas e o aumento das temperaturas registrados no último ano impactaram diretamente a produção de café no Brasil, refletindo nos preços praticados nas prateleiras dos supermercados. Este cenário adverso fez com que os valores do produto se elevassem consideravelmente, um fenômeno que começou em maio do ano passado.

Projeções para os preços do café

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), as projeções para os próximos dois meses indicam um aumento adicional de até 25% nos preços do café. Atualmente, o grão já figura como o item mais caro da cesta básica, apresentando uma alta de 37,4% em 2024 em comparação ao ano anterior.

Os dados apontam que o preço do café teve uma valorização superior à registrada em outros alimentos básicos, como leite (+18,4%), arroz (+15%) e óleo de soja (+26,6%). Esses números foram divulgados pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA) e referem-se ao mesmo período.

Preço do café ao consumidor

Até o final de dezembro do ano passado, um pacote de café tradicional com 1 kg era vendido por cerca de R$ 48,90. Pavel Cardoso, presidente da Abic, explica que a indústria ainda não repassou ao consumidor o total do aumento nos custos de aquisição do café, que subiu 116,7% em 2024 comparado a 2023. Contudo, há esperanças de que o cenário melhore no segundo semestre deste ano.

Outros fatores que impactam os preços

Além das condições climáticas desfavoráveis, outros fatores também influenciam o preço do café. A cotação elevada do dólar frente ao real tem incentivado as exportações, tornando o mercado externo mais atrativo. O aumento nos custos logísticos também contribui para a elevação dos preços.

A questão climática é um dos principais vilões. As altas temperaturas e a seca afetaram as plantações, levando algumas plantas a abortar seus frutos para garantir a sobrevivência. Esse tipo de estresse ocorre há quatro anos consecutivos, resultando em um aumento acumulado de 224% nos custos das matérias-primas enfrentados pela indústria. Para os consumidores finais, isso significou uma elevação de 110% no preço do café.

Consumo de café no Brasil

Apesar de uma ligeira alta de 1,1% na quantidade comercializada no Brasil, este número não acompanha o crescimento populacional, resultando em uma queda de 2,22% no consumo per capita. Cardoso observa que muitos consumidores agora evitam desperdícios devido ao alto custo do produto. Assim, aqueles que costumavam preparar grandes quantidades estão ajustando suas medidas.

Cerca de 40% da produção nacional é consumida internamente, com cada brasileiro consumindo aproximadamente 1.430 xícaras anualmente. O café ocupa uma posição privilegiada como a segunda bebida mais consumida no Brasil e no mundo, atrás apenas da água.

Mercado internacional e perspectivas para o futuro

O mercado internacional também influencia essa dinâmica. A China tem se destacado como um novo destino para o café brasileiro, saltando da 20ª para a 6ª posição entre os principais importadores desde 2023.

Embora as previsões indiquem continuidade na alta dos preços ao longo deste ano, a safra de 2025 é estimada em 51,8 milhões de sacas, representando um crescimento de 4,4% em relação à safra anterior. Contudo, só será possível verificar uma possível redução nos preços após setembro, quando finaliza a colheita atual.

A expectativa é que uma safra recorde ocorra em 2026 se as condições climáticas forem favoráveis. Além disso, os investimentos tanto dos agricultores quanto da indústria têm aumentado devido aos lucros significativos observados no setor — que faturou R$ 36,82 bilhões em 2024 — um crescimento expressivo de 60,85% em relação ao ano anterior.