Trump propõe controle da Faixa de Gaza para os EUA: “Vamos transformar em algo grandioso”

Trump declara que irá “remover os que odeiam os judeus” se ganhar
Reprodução: Instagram (@realdonaldtrump)

Por Agenor Duque

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta terça-feira (4) que os EUA assumirão o controle da Faixa de Gaza. Ao lado do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, na Casa Branca, Trump afirmou que seu governo pretende reconstruir a região e mantê-la sob uma “posição de posse de longo prazo”.

“Em vez de [os palestinos] terem que voltar e reconstruí-la, os EUA vão assumir a Faixa de Gaza, e vamos fazer algo com ela. Vamos tomar conta”, declarou Trump, garantindo que seu país liderará o processo de reconstrução. Ele destacou que pretende transformar o território em um espaço próspero. “Ter aquele pedaço de terra, desenvolvê-lo, criar milhares de empregos. Vai ser realmente magnífico.”

A reunião com Netanyahu marca o primeiro encontro oficial entre Trump e um líder estrangeiro desde o início de seu segundo mandato. Netanyahu não comentou diretamente o plano de Trump para Gaza, mas reiterou os objetivos de Israel no território palestino: garantir a segurança do país e libertar os reféns mantidos pelo Hamas.

Alternativa para os palestinos

Em outra declaração, Trump sugeriu que os palestinos que vivem na Faixa de Gaza deveriam buscar outra região para se estabelecerem. Ele mencionou a Jordânia e o Egito como possíveis destinos para reassentamento, dado o estado de destruição do território após 15 meses de conflito entre Israel e o Hamas.

“É um local em escombros. Se pudéssemos encontrar o pedaço certo de terra, ou vários pedaços de terra, e construir alguns lugares realmente bons com bastante dinheiro na região [para os palestinos], aí sim. Acho que seria muito melhor do que voltar para Gaza”, afirmou o presidente.

No entanto, a proposta de reassentamento enfrentou forte resistência. Jordânia e Egito rejeitaram qualquer plano que envolva a retirada forçada dos palestinos. O ministro das Relações Exteriores da Jordânia, Ayman Safadi, foi enfático: “Nossa rejeição ao deslocamento dos palestinos é firme e não mudará. A Jordânia é para os jordanianos e a Palestina é para os palestinos.”

A Arábia Saudita também se manifestou contrária à proposta de Trump, reafirmando que não estabelecerá relações diplomáticas com Israel enquanto um Estado Palestino independente não for reconhecido.

Impacto na geopolítica e reações internacionais

A proposta de Trump gerou intensas discussões no cenário internacional. O conflito entre Israel e Hamas já causou a morte de mais de 40 mil pessoas e deixou a Faixa de Gaza em uma crise humanitária sem precedentes. Até o ano passado, os Estados Unidos defendiam a criação de um Estado Palestino e condenavam qualquer deslocamento forçado da população local.

As declarações do presidente norte-americano levantam preocupações sobre a possibilidade de uma evacuação em massa dos palestinos da região, o que poderia dificultar ainda mais as negociações para um acordo de paz duradouro.

Por outro lado, dentro do governo israelense, a proposta de Trump foi bem recebida por setores que defendem a anexação da Faixa de Gaza. O ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, elogiou a ideia de: “[…] ajudá-los a encontrar outros lugares para começar uma vida melhor é uma excelente ideia. Após anos de glorificação do terrorismo, [os palestinos] poderão estabelecer vidas novas e boas em outros lugares.”

Netanyahu, por sua vez, considerou que a abordagem de Trump pode ser um divisor de águas na região. “Ele tem uma ideia diferente, e acho que vale a pena prestar atenção nisso. Ele está explorando isso com sua equipe. Acho que é algo que pode mudar a história, e vale a pena realmente seguir esse caminho”, declarou o primeiro-ministro israelense.

Próximos passos

Trump anunciou que planeja visitar Gaza, Israel e a Arábia Saudita nos próximos meses, mas não especificou uma data. Segundo ele, sua administração está focada em encontrar soluções para a estabilidade no Oriente Médio.

Enquanto isso, líderes internacionais seguem atentos às movimentações do governo norte-americano e ao impacto que essa proposta pode ter na já conturbada situação da Faixa de Gaza e de seus habitantes.