Referência no mercado fitness especializado, Camila Almeida, fundadora da Down to Fight, revela em uma entrevista exclusiva os desafios e conquistas que moldaram sua trajetória profissional.
Desde a criação do estúdio até o impacto no mercado, ela compartilha insights sobre a inovação e a paixão que impulsionam seu trabalho, além de dar spoilers sobre os próximos anos da DTF.
1. Antes, você trabalhava no mercado financeiro e migrou para o segmento fitness. O que te motivou a essa transformação de carreira? Como foi essa mudança para você?
Minha carreira no mercado financeiro começou em bancos estrangeiros, mas, quando mudei de carreira, eu estava há mais de cinco anos em uma gestora que vi começar do zero. Essa experiência me fez descobrir um lado empreendedor e, quando vendemos a gestora para a XP, eu já sabia que queria começar algo novo.
Inicialmente, achei que seria dentro do mercado financeiro, mas identifiquei uma oportunidade de mercado e resolvi arriscar. Apesar de ter que estudar e aprender muito — afinal, são dois setores completamente diferentes —, a mudança foi muito positiva. Trabalhar com o bem-estar das pessoas é leve e extremamente motivador, e ver o impacto positivo que temos na vida das alunas traz uma realização enorme.
2. A Down to Fight foi o primeiro estúdio no Brasil a combinar treino de luta com funcional voltado para o mercado de luxo. De onde surgiu a ideia? Como foi o processo de criação e desenvolvimento do projeto?
Já havia experimentado métodos similares de treino em outras academias, mas percebi uma carência no mercado em termos de estrutura para atender o público feminino mais exigente. Notei que, embora o segmento de musculação já conte com diversas academias de luxo em São Paulo, o mesmo não acontecia na área de lutas. Sempre que eu buscava um espaço para treinar, encontrava locais escuros, sem atenção aos detalhes e à limpeza, focados apenas no treino, e não na experiência.
Nossa proposta foi criar uma experiência inovadora nesse segmento, com atendimento diferenciado e um toque de sofisticação, tanto no ambiente quanto nas comodidades que oferecemos na área de treino e nos vestiários. Morei nos Estados Unidos por dois anos durante minha carreira no mercado financeiro e tentei trazer algumas características dos studios de lá. Não vendemos apenas o treino, mas sim um estilo de vida e uma comunidade, investindo muito na criação de uma marca forte.
3. O estúdio se tornou um grande sucesso nesses dois anos de existência. O que podemos esperar para os próximos dois anos?
Vejo o estúdio como o primeiro passo de um grupo de empresas e negócios dentro do mercado fitness. Em 2025, pretendemos dar o próximo passo com um bar de smoothies e shakes para atender às alunas na saída do treino. Ainda nos próximos dois anos, planejamos ampliar o espaço de treino e montar uma área com outro método complementar para atender nossas alunas.
4. O mercado fitness está passando por uma transformação, com o aumento da procura por estúdios personalizados em vez de academias tradicionais. Por que você acha que essa mudança está acontecendo?
Nos últimos anos, vimos uma mudança de comportamento do consumidor: hoje, ele quer mais do que um serviço ou produto — busca uma experiência diferenciada e conexão emocional. Isso impulsiona a busca por estúdios de treinamento personalizado, que geralmente são espaços menores, trazendo um senso de acolhimento maior do que academias convencionais. Além disso, oferecem maior atenção aos alunos, com exercícios diferenciados e personalizados conforme o condicionamento e histórico de cada pessoa.
5. Você acredita que o mercado ainda se transformará? Se sim, o que podemos esperar?
Segundo um relatório da McKinsey, 56% da geração Z dos Estados Unidos considera o “fitness” uma prioridade muito alta — e vejo essa preocupação crescer também no Brasil. Com certeza, isso contribui para que o mercado continue se transformando.
As mudanças que vemos são recentes, e o setor está começando a entender a necessidade de inovar, o que deve trazer transformações ainda maiores nos próximos anos. Há um aumento na oferta de amenidades e serviços diferenciados por academias tradicionais — algumas já oferecem, por exemplo, champagne aos finais de semana e serviço de esmaltação para mulheres. Além disso, a procura por treinos com acompanhamento de personal trainers e o uso de tecnologias de rastreamento fitness estão em alta.
6. Para finalizar, compartilhe uma dica para pessoas que desejam mudar de carreira e iniciar um novo negócio ou profissão.
Acho importante, antes de tudo, conversar com pessoas que já trabalham no setor para o qual pretendem migrar. Isso ajuda a entender se a nova área realmente faz brilhar os olhos ou se é apenas insatisfação momentânea com a carreira atual.
Falando de empreender especificamente, é essencial investir em capacitação — e não necessariamente falo de investimento financeiro, mas sim de tempo. Eu não sabia muito sobre marketing e branding, por exemplo, pois essas não eram habilidades exigidas na minha função anterior. Mas, para construir uma empresa e uma marca fortes no setor fitness, era essencial entender esses temas, então procurei estudar e adquirir conhecimento.
No meu caso, também ajudou o fato de eu ser exatamente o público-alvo do meu negócio. No fim do dia, eu sabia o que as clientes buscavam e conhecia os outros players do mercado, identificando os gaps que existiam.