O racha entre Fernando Haddad e Gilberto Kassab expôs um cenário que já vinha se desenhando nos bastidores do governo. Para dirigentes do PSD, a crítica do presidente do partido, que chamou o ministro da Fazenda de “fraco”, não é um ataque isolado, mas parte de um desgaste maior que começou dentro do próprio PT.
“Lula abriu a porta para os ataques ao Haddad”, disse um parlamentar da base governista. “Ele já deu puxões de orelha públicos no ministro, e a direção do PT também não o poupa de críticas.”
A fala de Kassab, cujo partido ocupa três ministérios e quer ampliar espaço na Esplanada, caiu como música para a oposição bolsonarista. Um líder do PL vê o movimento como um aceno direto ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. “Ele está cacifando o Tarcísio para a disputa presidencial de 2026. É uma sinalização clara de afastamento do governo Lula”, afirmou.
Dentro do PSD, a declaração de Kassab gerou reações divididas. O senador Otto Alencar minimizou a polêmica e disse que críticas pontuais não significam rompimento. “O partido tem ministérios, mas ninguém é proibido de falar. Kassab e Haddad têm atritos antigos, desde a sucessão da prefeitura de São Paulo em 2013.”
Apesar das tentativas de apaziguamento, há um consenso entre integrantes do PSD de que Haddad já enfrenta resistência dentro do próprio governo. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, já questionou publicamente suas teses econômicas. Além disso, o ministro enfrenta disputas internas com Rui Costa, da Casa Civil.
“Desde a formação da equipe, Haddad e Rui Costa nunca se deram bem. Se Gleisi for para o governo, a situação só piora”, avaliou um deputado do centrão. “Lula já expôs Haddad em público, como no episódio do Pix. Ali, era para ele ter pedido o boné.”