Defasagem nos preços dos combustíveis faz Petrobras perder bilhões

Defasagem nos preços dos combustíveis faz Petrobras perder bilhões
Marcello Casal JrAgência Brasil Economia Centro de Distribuição da Petrobras no SIA, Terminal Terrestre de Brasília | Foto: Marcello Casal JrAgência Brasil

Desde maio de 2023, a Petrobras já perdeu R$ 20 bilhões devido à defasagem nos preços dos combustíveis, segundo a Refina Brasil. Essa associação, formada por refinarias privadas, destaca que o problema começou após o governo abandonar o Preço de Paridade Internacional (PPI).

O PPI vinculava os valores da gasolina e do diesel ao mercado internacional. A decisão de substituí-lo, parte da promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, busca “abrasileirar” os preços. No entanto, especialistas alertam sobre os impactos econômicos negativos da mudança.

Refinarias privadas recorrem à exportação

O presidente da Refina Brasil, Evaristo Pinheiro, critica a nova política de preços. Ele afirma que o represamento de valores prejudica os acionistas da Petrobras e cria dificuldades para as refinarias privadas competirem no mercado interno.

“As refinarias privadas, como Acelen e Brava, precisam exportar parte da produção. Operar no Brasil com os preços atuais causa prejuízo”, explicou Pinheiro.

O país, que já enfrenta um déficit diário de 600 mil barris de derivados de petróleo, depende cada vez mais de importações. Segundo a Refina Brasil, a Petrobras poderia ter usado os R$ 20 bilhões perdidos para ampliar sua capacidade de refino e reduzir o déficit pela metade.

Falta de previsibilidade preocupa investidores

Especialistas apontam que a falta de clareza sobre a política de preços dificulta novos investimentos no setor. Para Pinheiro, a ausência de regras estáveis prejudica o mercado e desestimula o capital privado.

“Sem previsibilidade, ninguém investe em refinarias. O setor precisa de estabilidade para crescer”, afirmou.

Além disso, muitos temem que decisões na Petrobras sofram influências políticas. Essa percepção ganha força com a ausência de critérios claros para os preços praticados atualmente.