Taxa Selic pode alcançar nível mais alto após duas décadas

Dólar em alta e pacote fiscal pressionam Selic, diz Banco Central
Edifício-Sede do Banco Central em Brasília – Foto: Marcello Casal jr/Agência Brasil

Na próxima quarta-feira (29), o Comitê de Política Monetária (Copom) deverá anunciar mais um aumento da taxa básica de juros, elevando a Selic para 13,25% ao ano. Esse será o quinto ajuste consecutivo, consolidando uma das políticas monetárias mais restritivas das últimas duas décadas.

Atualmente em 12,25%, a taxa Selic vem sendo elevada como uma tentativa de controlar a inflação, que persiste acima das metas estabelecidas pelo Banco Central. Segundo economistas, o cenário é preocupante: as projeções apontam que a taxa pode atingir 15% em meados de 2025, o maior nível desde 2006.

Por que os juros estão subindo?

A alta na Selic tem como objetivo principal combater a pressão inflacionária. Nos últimos meses, fatores como secas, alta do dólar e aumento dos preços de energia e alimentos têm alimentado a inflação. Além disso, o ritmo acelerado da atividade econômica e o mercado de trabalho aquecido adicionam mais desafios ao controle dos preços.

O Banco Central utiliza a taxa Selic para influenciar o crédito e o consumo, desestimulando gastos excessivos e equilibrando a economia. Contudo, a decisão de elevar os juros sempre gera impactos colaterais, especialmente para empresas e consumidores.

Impactos na economia e no setor produtivo

Com o aumento da Selic, os custos de crédito se tornam mais altos, afetando principalmente pequenas e médias empresas que dependem de financiamentos. O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Flávio Roscoe, alerta que os juros elevados podem comprometer o crescimento sustentável.

“O custo do crédito já é proibitivo para muitas empresas. Isso reduz o dinamismo econômico e prejudica a competitividade”, afirma Roscoe. Ele destaca que setores como o de inovação e expansão industrial são os mais afetados.

Além disso, especialistas apontam que a desaceleração econômica causada pelos juros altos pode gerar reflexos no mercado de trabalho, com redução nas contratações e aumento do desemprego.